Declaração de Vasco Cardoso, membro da Comissão Política do Comité Central, Conferência de Imprensa

Sobre o pedido de intervenção externa e a resposta do PCP

Contra a ingerência e o desastre - Por uma política patriótica e de esquerda

O PCP expressa a sua firme condenação à formalização pelo Governo do pedido de accionamento do Fundo Europeu de Estabilização Financeira – mecanismo associado ao FMI. Uma decisão, absolutamente contrária aos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal, que é inseparável das pressões que nos últimos tempos têm sido exercidas sobre o povo português e uma resultante directa das orientações daqueles que, de facto, mandam no país – a banca e os principais grupos económicos e financeiros – associados ao grande capital estrangeiro. Uma decisão que revelou que a banca manda e os partidos da política de direita obedecem. Uma decisão que demonstrou, uma vez mais, que PS, PSD e CDS – submetidos que estão às imposições da União Europeia – mais não são do que a expressão política dos interesses do poder económico, verdadeiros executantes da política de saque dos recursos nacionais.

Ao contrário da campanha ideológica que tem vindo a ser erguida, visando a justificação desta iniciativa, o PCP reafirma que o recurso a este mecanismo é, não uma “ajuda”, mas uma ameaça que, a ser concretizada, se transformará numa nova agressão aos direitos de quem trabalha e numa nova e mais grave amputação da soberania nacional. À semelhança daquilo que já se verificou noutros países, que recorreram a a uma intervenção financeira externa da União Europeia e do FMI, o seu accionamento arrastará consigo o agravamento do desemprego, da pobreza e da exploração, reflectindo-se em mais recessão económica, em mais endividamento externo, sem resolver os problemas da especulação e dos juros da dívida pública que, hipocritamente, dizem querer conter.

O PCP reafirma que esta intervenção não é necessária, nem seria necessária, se no país houvesse uma política e uma atitude patriótica do Governo PS, assim como daqueles - PSD, CDS e Presidente da República – que a seu lado têm arrastado o país, por via dos PEC's e dos Orçamentos do Estado, para a actual situação de desastre nacional.

Havia e há alternativa ao rumo da política de direita, ao processo de integração capitalista na União Europeia e a esta nova ingerência na vida do país. Tal como o PCP defendeu o que seria necessário e urgente face ao agravamento insustentável e ilegítimo da dívida pública seria: a renegociação imediata da dívida pública envolvendo prazos, juros e montantes a pagar; a intervenção junto de outros países que também estão sob a mira da especulação do capital para uma acção convergente junto da UE; uma política orientada para o crescimento económico e para a defesa da produção nacional; a diversificação das fontes de financiamento e das relações comerciais; a renegociação das chamadas Parcerias Publico Privadas.

Este anúncio, concretizado num momento em que foi devolvida a palavra aos portugueses para por via das eleições, se poderem pronunciar por uma ruptura pelo actual rumo da vida nacional constitui uma decisão tão mais ilegítima quanto amarra o país nos próximos anos ao retrocesso social e ao declínio económico.

Recusando a intervenção financeira externa que o Governo ontem anunciou, o PCP usará todos os meios ao seu alcance para a combater. Neste sentido, anunciamos a convocação de uma grande acção de indignação e protesto, um comício a realizar no próximo Sábado dia 9, pelas 17h30 na Rua Augusta em Lisboa, sob o lema: “Contra a ingerência e o desastre. Por uma política patriótica e de esquerda”. Contando com a participação de muitos comunistas, o PCP apela a todos os patriotas e democratas que se sentem agredidos por esta política de injustiças e declínio nacional para que participem nesta acção, afirmando a exigência de um outro rumo para o país.

O PCP considera ainda que o próximo dia 5 de Junho – data das próximas eleições legislativas - constituirá uma oportunidade para os trabalhadores e o povo, com o seu apoio e o seu voto à CDU condenarem todos aqueles que amarram o país a esta política e a esta decisão, e darem força à exigência de uma ruptura e uma mudança, de uma política e de um governo patriótico e de esquerda.

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