As eleições nos Estados Unidos da América, com o degradante espectáculo da campanha eleitoral, assim como o carácter opaco e antidemocrático do sistema eleitoral, traduzem o acentuado nível de degradação a que chegou o sistema político dos EUA, que entretanto se arroga no direito de dar ao mundo lições de “democracia”. Um sistema onde se multiplicam mecanismos e manobras que visam subverter a expressão da vontade popular, desde logo, o controlo a partir do financiamento das campanhas pelos grupos económicos e financeiros, incluindo os do sector do armamento.
A eleição de Donald Trump como Presidente dos EUA – após o mandato que exerceu entre 2017 e 2020 –, é expressão de uma acentuada crise económica e social, com a deterioração das condições de vida dos trabalhadores, do descrédito das elites dominantes e da desilusão por parte de largos sectores da população relativamente à Administração Biden, que defraudou a vontade e a expectativa de uma efectiva mudança de política no plano interno e externo – veja-se, entre outros graves e significativos exemplos, o apoio à política genocida de Israel contra o povo palestiniano ou a promoção de uma perigosa escalada de confrontação no plano mundial.
Constatando a substancial identificação em questões fundamentais entre Democratas e Republicanos, não deixando de registar explícitas diferenças, e mesmo clivagens, no seio da classe dominante norte-americana, nomeadamente quanto a medidas de política interna e à forma de contrariar o declínio relativo dos EUA, a eleição de Donald Trump, com a sua agenda profundamente reaccionária, não só representa a continuação e aprofundamento da política ao serviço dos interesses do capital financeiro, como da estratégia de confrontação, ingerência e agressão que visa impor o domínio do imperialismo norte-americano no plano mundial, com o que representa de séria ameaça à paz, à soberania e aos direitos dos povos, à segurança internacional.
As eleições para a Presidência dos EUA, assim como para a Câmara de Representantes e o Senado, expuseram com ainda maior evidência os profundos problemas, desigualdades e contradições que percorrem a sociedade norte-americana, para os quais o sistema se mostra incapaz de encontrar uma saída e que são indissociáveis do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, que tem particular expressão no declínio relativo daquela que é a principal potência do imperialismo.
O PCP reafirma a sua solidariedade aos comunistas, às forças e sectores progressistas dos EUA que prosseguem a luta em prol da paz, das liberdades e dos direitos, da democracia, da justiça e do progresso social, e na denúncia da verdadeira natureza de um sistema de poder contrário aos interesses dos trabalhadores e do povo norte-americano.
O PCP salienta que, ao contrário do que sugere a generalidade da comunicação social dominante, não serão os EUA, qualquer que seja o seu presidente, mas a luta dos trabalhadores e dos povos pelo progresso social e a paz, que em definitivo determinarão o rumo do evolução mundial.