A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acaba de ser destituída das funções para que foi eleita por 54 milhões de brasileiros. A decisão do Senado brasileiro culmina um processo de autêntico golpe de Estado institucional. Não se trata do afastamento das suas altas funções de alguém que cometeu qualquer crime que o justificasse. Antes pelo contrário. Trata-se de uma grande operação do grande capital brasileiro para pôr em causa o processo de mudanças sociais e de afirmação soberana, iniciado com a Presidência de Lula da Silva em Janeiro de 2003, e reverter avanços verificados, tirando partido da maioria nas instituições do Estado e dos problemas económicos provocados pela crise do capitalismo. Um processo que, ao mesmo tempo, constitui uma vingança por Dilma ter recusado ceder a chantagens para dar cobertura ao então Presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha e a outros elementos acusados no processo “Lava Jato”, e uma desforra política da derrota imposta ao candidato da reacção nas eleições presidenciais de Outubro de 2014.
A destituição da Presidente Dilma Rousseff cria no Brasil uma situação complexa e perigosa. Tanto mais quando o golpe agora consumado se insere numa ofensiva mais ampla do imperialismo norte-americano e das oligarquias latino-americanas visando recuperar posições perdidas, derrotar os processos progressistas em países como a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Nicarágua, destruir os avanços de integração solidária anti-imperialista que percorrem a América do Sul e Caraíbas.
A luta dos trabalhadores e das massas populares brasileiras contra o processo golpista prosseguirá e ampliar-se-á perante a política anti-democrática, anti-popular e de sujeição ao imperialismo do governo reaccionário do usurpador Michel Temer. As grandes manifestações ontem realizadas em São Paulo e noutras cidades brasileiras mostram que os golpistas encontrarão pela frente uma forte resistência popular.
Nesta encruzilhada do Brasil, o PCP confirma a sua solidariedade aos comunistas e demais forças democráticas, patrióticas e progressistas brasileiras e reitera a sua confiança em que o povo deste grande país derrotará os mais perigosos projectos da reacção golpista e prosseguirá o caminho das transformações políticas, económicas e sociais que a sociedade brasileira reclama.