As relações internacionais devem ser pautadas pelo respeito da soberania e independência dos Estados.
No entanto, estamos perante mais um exercício de interferência por parte do Parlamento Europeu na República da Bielorrússia, indissociável de um longo caminho de ingerência por parte da União Europeia naquele país, incluindo com a promoção de operações de desestabilização e medidas, que se somam à política de confrontação, instigação e prolongamento da guerra no Leste da Europa, promovida pelos EUA, a NATO e a UE, e em que esta última insiste particularmente.
A resolução aprovada pelo Parlamento Europeu omite, distorce e caricatura importantes aspectos da situação na Bielorrússia, para melhor a poder criticar. O que de alguma forma a resolução apresentada pelo Grupo parlamentar A Esquerda, também faz.
Na realidade, o que verdadeiramente incomoda a maioria do Parlamento Europeu é a afirmação da soberania e independência da Bielorrússia e a sua recusa em integrar e ficar dependente da NATO, dos EUA e da UE.
O que verdadeiramente incomoda a maioria do Parlamento Europeu é a afirmação de um caminho de desenvolvimento económico e social, que salvaguarda e moderniza o aparelho produtivo nacional, que promove a melhoria do nível de vida da população e em que o papel do Estado é dominante nos sectores estratégicos, logrando alcançar avanços sociais e dos menores índices de desigualdade social na Europa (com um índice de Gini inferior a 24 dos 27 Estados-Membros da UE em 2020).
O que verdadeiramente incomoda a maioria do Parlamento Europeu é o facto de que a Bielorrússia não tenha sido entregue aos desígnios dos oligarcas e insista num caminho de desenvolvimento que é contrário às políticas neoliberais da UE.
O que verdadeiramente incomoda a maioria do Parlamento Europeu é que são o povo bielorrusso e as autoridades bielorrussas – e não a UE, o Parlamento Europeu, os EUA ou a financiada oposição Bielorrussa sedeada em Varsóvia e Vilnius, através das suas campanhas de ingerência e desestabilização – que votam e escrutinam os resultados.
Campanhas de ingerência e desestabilização que visam, entre outros gravosos aspectos, a imposição de relações de dependência económica e de domínio político, insistindo na implementação de políticas de privatização, de desmantelamento e de controlo de sectores estratégicos da economia deste país e pelo propósito do alargamento da NATO, aspectos anteriormente salientados em resoluções do Parlamento Europeu.
Apelando ao aprofundamento do quadro de sanções unilaterais e arbitrárias que há muito a UE e os EUA vêm implementando contra a Bielorrússia, visando afectar negativamente a economia e as condições de vida do povo bielorrusso, a resolução insiste ainda na mobilização de ainda mais recursos para a instrumentalização e financiamento de entidades diversas com vista a promover a desestabilização interna.
Rejeitando os objectivos de fundo e a distorção da situação que esta resolução promove, reiteramos que a relação da UE e dos seus Estados-Membros com países terceiros, incluindo com a Bielorrússia, deve ser pautada pelo respeito pela sua soberania e independência, no cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, respeitando o direito dos povos a decidir do caminho, livre de ingerências externas, promovendo a paz e a cooperação mutuamente vantajosa.
Por estas razões dissociamo-nos destas resoluções e do inaceitável exercício que protagonizam no Parlamento Europeu.