Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
O que pretendem debater hoje não é o respeito pela vontade do povo venezuelano, não é o respeito pela soberania e independência dos venezuelanos para tomar as suas decisões e o rumo que pretendem para o seu País. O que pretendem debater ao arrepio do artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa que determina os princípios das relações internacionais, é como vão dar a mão a um movimento golpista de extrema-direita para chegar ao poder, mesmo contra a vontade do povo venezuelano. E isso é inaceitável! Constitui um profundo desrespeito e uma ingerência na vida interna de um País soberano, a Venezuela!
É o debate de quem não se conforma com as transformações políticas e sociais na Venezuela, de quem não se conforma com a decisão soberana do povo venezuelano de ter afastado a oligarquia e a subserviência e de ter assumido a sua soberania. De quem não se conforma de o povo venezuelano ter eleito Hugo Chavez em 1998, que impediu o golpe de estado de 2000, e de quem continua a escolher um caminho diferente daquele que lhes querem impor.
Querem prosseguir a campanha de ingerência, iniciada no período pré-eleitoral, para colocar em causa a decisão do povo venezuelano. Já se estava a ver muito antes que estava em curso uma operação com grande divulgação mediática para colocar em causa o processo eleitoral e não reconhecer os resultados na Venezuela, como se veio a confirmar. Processo eleitoral, assente nos mesmos procedimentos prosseguidos anteriormente e que não suscitaram dúvidas.
Para dar um rosto, arranjaram um figurante de turno, no passado foi Juan Guaidó que se autoproclamou presidente da Venezuela, chegando a ser reconhecido pela Administração Trump e pela União Europeia. Agora é Edmundo Gonzalez que até ao momento foi escolhido para esse papel. O Presidente eleito na Venezuela não é quem os EUA e a União Europeia escolhem, mas é quem obtém a maioria dos votos do povo da Venezuela.
Os que alinham no desrespeito pela vontade do povo venezuelano, são cúmplices da operação de ingerência e desestabilização na Venezuela, da sabotagem económica, sanções, bloqueios comerciais e roubos de imensos bens e recursos do Estado Venezuelano que atingem as condições de vida dos venezuelanos e da comunidade portuguesa na Venezuela. Não perceber isto, é alinhar com extrema-direita venezuelana e é subjugar-se ao domínio do imperialismo norte-americano pela posse dos recursos da Venezuela.
A democracia defende-se respeitando a soberania da Venezuela e a vontade do seu povo, reconhecendo a sua escolha, respeitando os resultados eleitorais e as decisões das instituições políticas e judiciais legítimas da Venezuela.
A democracia defende-se condenando a ingerência e desestabilização externa contra a Venezuela e procedendo ao levantamento do bloqueio económico e financeiro imposto pelos EUA contra o povo venezuelano, que atinge igualmente a comunidade portuguesa na Venezuela e constitui uma flagrante violação dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, incluindo a devolução dos ativos roubados à Venezuela pelos EUA e outros países, nomeadamente dos 1500 milhões de euros retidos pelo Novo Banco.
A democracia defende-se expressando a solidariedade com o povo venezuelano, respeitando o seu direito de determinar soberanamente e em paz o seu caminho e a sua aspiração à construção de um futuro melhor, numa Venezuela soberana, de paz, desenvolvimento, justiça e progresso social.