Intervenção de Paulo Raimundo, Comício em Setúbal

Para a CDU, Portugal não é uma junta de freguesia da UE

Para a CDU, Portugal não é uma junta de freguesia da UE

À boleia de justos anseios e reivindicações do nosso povo, cuja luta está a fazer com que o Governo tenha de mostrar serviço, o PSD e o CDS recorrem aos habituais truques para manter os privilégios, a exploração, as injustiças e as desigualdades.

Foi assim com o IRS.

Um truque para centrar a discussão nos impostos, quando o que se exige é o aumento dos salários.

Aumento geral dos salários, para redistribuir a riqueza e para melhorar as condições de vida.

Foi assim com o Complemento Solidário para Idosos.

Um truque, que através de uma medida positiva, ainda que limitada, faz com que não se tome a medida, essa sim fundamental para garantir a elevação do nível de vida para milhões de pessoas, o aumento de todas as reformas e pensões.

Foi assim com a necessidade há muito reclamada de um Novo Aeroporto de Lisboa.
Um truque, que à boleia de anúncios acerca de Alcochete, da terceira travessia sobre o Tejo e da linha de alta velocidade, abre a porta ao alargamento do Aeroporto da Portela, dentro de Lisboa, a única medida que de facto está a avançar, indo ao encontro dos interesses imediatos da multinacional francesa que controla a ANA.

Foi assim também com a habitação, com trinta medidas, a esmagadora maioria ao sabor da vontade da banca e dos fundos imobiliários, com lucros cada vez maiores, e passando ao lado dos que sofrem todos os dias com o valor
insuportável das rendas e prestações.

É assim na saúde, com pré-anúncios de planos de emergência para a saúde,
ao mesmo tempo que estão a ser desviados todos os dias milhões de euros de  recursos públicos para os grupos económicos que fazem da doença um negócio.
Este Governo, que arrasta os pés em tudo o que é fundamental para o País e que funciona como uma espécie de conselho de administração dos interesses do capital, aprendeu rápido as técnicas da propaganda.

Faz anúncios diários, pacotes para aqui e para acolá, ontem a habitação, hoje os impostos, amanhã a juventude.

A técnica, dizem os especialistas, é marcar a agenda. Abrir telejornais. Pôr dezenas de comentadores a comentar. Criar a ideia de que se está a responder aos problemas.

Quando, na verdade, em tudo o que é fundamental para os trabalhadores e para o povo, para juventude, para as mulheres, para os pequenos empresários, o que está de facto em marcha é o continuado sacrifício das suas condições de vida.

O Governo tem de dar resposta aos justos anseios e aspirações dos trabalhadores e do povo, e não à gula do grande capital, que vê em cada problema, em cada injustiça, em cada aspiração  oportunidades de negócio.

O povo exigiu mudança, mas a mudança nas suas vidas nunca virá de PSD, CDS, Chega e IL, tal como não veio do PS.

A alternativa virá dos e com os que com coragem e determinação defendem salários, reformas, saúde, habitação.

A alternativa virá dos que querem pôr Portugal a produzir, desenvolver a nossa base científica e tecnológica e aproveitar as capacidades do País.

A alternativa virá dos  que defendem a natureza, dos que não aceitam discriminações, dos que combateram e combatem o fascismo e as forças reaccionárias, que defendem os valores de Abril e querem fazer cumprir a Constituição da República.

A alternativa virá da luta de quem trabalha e trabalhou uma vida inteira,
virá da criatividade da juventude.

A alternativa virá dos que em todos os momentos lutaram e lutam pela Paz em todo o mundo e em todos os locais, dos que exigem o fim do massacre e do genocídio do povo Palestiniano.

Cá estamos e estaremos as vezes que forem necessárias, contra a hipocrisia,
contra o cinismo, contra os que se vergam ao negócio da morte e da destruição,
aos que se enchem com a desgraça dos povos.

Há quem queira mobilizar os nossos filhos e netos para a morte, nós queremos que os filhos e netos de todos vivam em Paz.

A alternativa virá com os que lá estiveram, estão e estarão todos os dias para o que der e vier, todos os dias ao lado do nosso povo e dos trabalhadores.

O povo já deu provas de ter o engenho, a criatividade e a capacidade de ultrapassar todos os obstáculos e de construir o futuro que precisa, merece e quer.

A revolução de Abril é um óptimo exemplo disso mesmo.

É esse Abril que precisa de voltar a ocupar o centro da política e que está inscrito no nosso programa e nos compromissos que apresentamos ao povo e a todos os que cá vivem e trabalham.

O passado dia 25 de Abril mostrou que o povo está com Abril e é em Abril que está o caminho que é preciso retomar.

E tal se reafirmou na grande jornada de luta do 1º Maio, promovida pela CGTP.
Ali esteve a exigência de uma vida melhor a que os trabalhadores têm direito.

Ali esteve a determinação e a força para a luta que continua, que vai avançar.

Essa luta que daqui saudamos, pelos salários, contra a precariedade e horários desregulados.

Mas uma luta também pelo Serviço Nacional de Saúde, pela habitação, pelos transportes e pela mobilidade.

A luta dos trabalhadores da TST, Hanon, Ascenza, Navigator, Amarsul, Medway, Solven, Visteon, Coca-Cola, EDP, Lidl, da Administração central e local, enfermeiros, médicos, professores, e tantas outras.
Umas palavras em particular sobre a Auto-Europa.

Aqueles que andam sempre a falar sobre a sustentabilidade da Segurança Social, calam-se bem calados quanto aos salários destes trabalhadores que são pagos precisamente por este sistema público, por todos nós, graças ao uso e abuso do lay-off por parte da empresa.

Quando vemos a Segurança Social a financiar, na prática, os lucros de uma multinacional como é a Wolksvagen, não nos ocorre outra expressão que não seja: isto é um escândalo.
Um escândalo que não podemos aceitar.

Porque afinal de contas o que os preocupa não é a sustentabilidade da Segurança Social, que não está em causa e que é responsável por 42% dos portugueses não estarem hoje na pobreza em resultado das transferências sociais resultantes dos descontos sobre o trabalho e os trabalhadores.
Pelo contrário.

O que os preocupa é que todo esse dinheiro não esteja a ir para os bolsos do grande capital e como estamos a ver há muitas formas de ele lá ir parar.
Camaradas e amigos,

Aí estão a fazer-se sentir, na vida de todos os dias e nos mais variados domínios, os efeitos da política de direita e das imposições da União Europeia.

Dois lados da mesma moeda, da mesma moeda que serve os monopólios e o grande capital.

Se é lá, no Parlamento Europeu, que se decide mas é cá e em cada vida que se paga, então não é indiferente quem elegemos para nos representar.

A opção é entre os deputados do PCP e do PEV, que em todos os momentos, de forma corajosa, frontal e decidida defendem os trabalhadores e o povo,
ou entre deputados de PS, PSD, CDS, mas também Chega e IL, alinhadinhos, e vergados aos interesses da UE, alinhados contra os interesses do nosso povo e do nosso País, numa autêntica união antipatriótica.

É esta a decisão que está colocada nas próximas eleições.

Os trabalhadores, o povo e o País não precisam de mais deputados que em Portugal defendam a União Europeia.
 
O que os trabalhadores, o povo e o País precisam, é de deputados do PCP e do PEV, que na União Europeia defendam cada um de nós e defendam Portugal.

O que é preciso é mais deputados do PCP e do PEV comprometidos com o aumento dos salários, das reformas, a defesa dos serviços públicos, da produção nacional, dos direitos dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados, das mulheres, dos migrantes, das pessoas com deficiência, dos agricultores e pescadores, dos micro, pequenos e médios empresários.

Faz falta mais votos na CDU, a CDU faz mesmo falta à vida de cada um.

Que ninguém fique à espera, que ninguém fique em casa.

É mesmo para votar e mobilizar para o voto na CDU.

É mesmo para, tal como estamos a fazer, construir o resultado.

Há espaço para crescer, há espaço para alargar, há gente que votou em anteriores eleições em outros partidos e que desta vez vai ser na CDU.

Conversa a conversa, contacto a contacto, apoio a apoio, voto a voto, deputado a deputado.

Que ninguém fique por ser contactado, desde logo os nossos, os que nos estão mais próximos, mas também aqueles muitos que esperam que conversemos com eles.

Nos locais de trabalho, nas empresas, nas fábricas, nas escolas, nas universidades, nos centros de saúde, nas ruas, apoio a apoio, voto a voto, deputado a deputado.

Sabemos que os tempos são exigentes e que a direita ganhou mais força depois das eleições, mas os grupos económicos não têm as mãos livres para impor o seu programa.

Cá estamos, cá estão os trabalhadores e o povo, a fazer-lhes frente.

E vamos fazê-lo, com confiança, com determinação, com alegria.

 

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