Intervenção de João Torres, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

A luta dos trabalhadores, motor da transformação

A luta dos trabalhadores, motor da transformação

Camaradas,

No ano em que comemoramos os 100 anos da fundação do PCP, aqui estamos orgulhosos da história do nosso Partido, do Partido da classe operária e de todos os trabalhadores. Homenageamos também os mártires e heróis da luta contra o fascismo, pela democracia e pela liberdade, e todos quantos deram, e dão, o melhor das suas vidas pelos trabalhadores e o nosso povo, contra as injustiças e as desigualdades, por melhores condições de vida e de trabalho, pelos valores de Abril no futuro de Portugal.

Camaradas,

A luta dos trabalhadores sempre foi, e continuará a ser, determinante para concretizar avanços.

Foi decisiva para derrotar a ditadura fascista e tornar possível o 25 de Abril, para firmar direitos sociais, laborais e políticos, para rechaçar os ataques das forças que não se resignaram com as conquistas de Abril, para defender direitos inscritos na CRP das ofensivas dos governos da política de direita – PS, PSD e CDS.

Com a luta derrotámos e afastámos do poder o governo PSD/CDS, impedindo que desmantelasse serviços públicos essenciais, nomeadamente, a Segurança Social, o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e o Poder Local Democrático.

Foi a força da luta organizada dos trabalhadores, sob a direcção das suas organizações de classe, os seus sindicatos e a CGTP-IN, que chamou à luta outras camadas sociais, em acções de massas convergentes, que se defenderam direitos consagrados na Constituição de Abril.

Apesar do que de positivo temos registado, é preciso ir mais longe na luta organizada e consequente dos trabalhadores.

A luta também será decisiva para derrotar projectos anti-democráticos e fascizantes.

Por isso, os tempos que vivemos são de grande exigência. O capital e o grande patronato, não se conformam com a prestação do trabalho com direitos. Continuam a desvalorizar o trabalho e os trabalhadores. Aumenta a exploração e a precariedade laboral. Os salários são baixos. Os horários são longos e, sempre que podem, desregulados. Atacam a generalidade dos direitos - férias, negociação e contratação colectiva, reunião e participação na actividade sindical, entre outros – agora sob o pretexto da pandemia.

A situação exige muito mais de todos nós, sobretudo dos comunistas mas também de todos os que estão connosco no MSU, sejam dirigentes, delegados ou activistas sindicais. Se o momento que estamos a viver coincide com o recrudescer dos ataques patronais ao emprego e aos direitos dos trabalhadores, então temos de estar mais próximos, para ajudar, para denunciar, esclarecer, mobilizar e lutar!

Camaradas,

Os comunistas que intervêm no MSU têm, hoje e sempre, a obrigação de influenciar para que se garanta, em todos os níveis da estrutura, a natureza de classe e os princípios que enformam a Central Sindical, designadamente, a democracia, a unidade, a independência, a solidariedade e o sindicalismo de massas, e ter sempre presente o conteúdo destas orientações.

Temos de ser muito mais escrupulosos no cumprimento daquelas determinações estatutárias, promovendo, ainda mais, a solidariedade com os trabalhadores que sofrem, sindicalizando-os, unindo-os, esclarecendo-os, dando respostas aos seus problemas, mobilizando-os para a luta por melhores condições de vida e de trabalho, pela defesa do emprego, contra a precariedade, pelo aumento do salário, pela redução do horário de trabalho contra a sua desregulação, pelo exercício de todos os direitos , sindicais, laborais, sociais e políticos.

A luta é decisiva para se ganhar consciência social, pela percepção das desigualdades, injustiças e arbitrariedades, passo importante na consciencialização política e para o reforço do Partido na luta contra o capitalismo e pelo socialismo. É a luta organizada e consequente dos trabalhadores que leva à luta mais geral, a luta de massas, o grande motor da transformação social.

No actual contexto, exige-se dos sindicatos, dos dirigentes e delegados sindicais, sobretudo dos comunistas que têm tarefas sindicais, o reforço das medidas de protecção sanitária, para uma mais frequente e regular presença nos locais de trabalho, maior proximidade aos trabalhadores, denunciando e combatendo as arbitrariedades e os ataques aos seus direitos, dando respostas concretas e imediatas aos seus problemas, promovendo a resistência e a luta em todos os locais de trabalho, mobilizando para acções mais gerais , convergentes, de imediato para a Jornada de Luta Nacional de 25 de Fevereiro, mas também para o 1º de Maio, essa acção de luta centenária dos trabalhadores de todo o mundo.

A luta no dia-a-dia pela resolução dos problemas dos trabalhadores, pelos seus direitos e suas justas reivindicações, é condição necessária para o alargamento da luta social convergente e a luta de massas, e é inseparável da luta mais geral pela ruptura com a política de direita e por uma real alternativa política, patriótica e de esquerda, objectivos centrais da luta dos trabalhadores e do povo

A melhor forma de honrar a memória dos que nos antecederam é continuarmos a sua luta.

Viva a luta dos trabalhadores!
Viva o Centenário do PCP!
Viva o Partido Comunista Português!

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