Intervenção de Inês Branco, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

A luta da juventude trabalhadora

A luta da juventude trabalhadora

Camaradas,

A luta dos comunistas portugueses, o que sempre moveu este Partido centenário, continua a ser o que o presente e o futuro precisam – a luta dos trabalhadores. Se sabemos que não poderá haver um futuro melhor para os trabalhadores, um mundo mais justo para todos, sem a luta organizada de quem trabalha, sabemos também que os comunistas são peça fundamental nessa luta e que a juventude tem uma importância acrescida, pelas suas características de generosidade e entrega, e pelas próprias dificuldades muito especificas que enfrenta.

Hoje, o pensamento diário de grande parte dos jovens trabalhadores passa pelo medo de não conseguir emprego, o medo de perder o emprego o medo de nunca ter um contrato de trabalho com direitos, o medo de nunca conseguir sair de casa dos pais, o medo de não ter salário a meio do mês.
Mas não será o medo a reger a vida da juventude e porque temos na luta organizada a solução para a melhoria das condições de vida da juventude e de todos os trabalhadores.

A pandemia veio pôr a nu o resultado de anos e anos de desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, da proliferação de vínculos precários, varrendo muitos jovens para o desemprego logo no início, com patrões a despedir, e, ao mesmo tempo, a iniciar processos de recrutamento. Veio pôr a nu as condições em que muitos jovens, particularmente nos grandes centros urbanos, vivem – quantos jovens não estão agora em teletrabalho sem condições de trabalho no espaço que é a sua casa, e quantos não dividem casa com mais 3 ou 4 amigos também em teletrabalho. Veio mostrar que os patrões – mesmo nas alturas mais complicadas para todos – estão sempre prontos para cortar direitos, para impedir que se realizem plenários, para impedir que os trabalhadores se organizem.

A juventude teve sempre um papel de vanguarda na luta dos trabalhadores, na organização e na ação sindical e é parte viva do nosso riquíssimo património de luta em Portugal.

Seja no MUD-Juvenil e na sua ligação à realidade de muitos jovens trabalhadores durante o fascismo, seja no Movimento da Juventude trabalhadora que se afirmou como uma arma crucial de luta dos jovens trabalhadores com a sua dinâmica de massas, visível, por exemplo nos Encontros Nacionais de Jovens Trabalhadores e de Trabalhadores-Estudantes que juntaram mais de 5000 jovens cada, seja no processo revolucionário em que eram jovens a maior parte dos dirigentes sindicais.

Hoje a realidade não é a mesma. Mas o que os jovens sentem no mundo do trabalho, o valor do seu trabalho no bolso do patrão e principalmente a urgência da organização da juventude nos sindicatos e do reforço da luta dos jovens trabalhadores é a mesma. E com a persistência no envolvimento de jovens, dando prioridade à sua sindicalização, atribuindo-lhes responsabilidades, incluindo, nas reivindicações gerais e em cada caderno reivindicativo, as aspirações juvenis, depositando confiança na sua capacidade e que o lugar dos jovens trabalhadores é no seu sindicato de classe, é na CGTP-IN, é na Interjovem.

É dever dos comunistas ser parte integrante da organização dos trabalhadores, é dever dos jovens comunistas contribuir para o reforço e rejuvenescimento do movimento sindical, garantir o futuro e ter uma ligação profunda à realidade dos jovens trabalhadores e às suas aspirações a todos os níveis.

A participação da juventude trabalhadora naquele que é o seu dia de luta – o 28 de Março – para além da afirmação das suas reivindicações específicas – como o fim da precariedade, a luta por mais estabilidade na vida, mais direitos no trabalho, melhores horários e salários justos, o direito à vida familiar, cultural e ao lazer, o direito ao desporto -, é também uma demonstração sem paralelo da importância da organização dos jovens trabalhadores e da sua capacidade de mobilização mesmo nas situações mais adversas. Este ano não será diferente - com o dia nacional de luta a 25 de Março - e cabe também a todos os comunistas reforçar este grande dia de luta da juventude.

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