Áudio
Há muitas e boas razões para realizarmos estas Jornadas Parlamentares sobre o tema da crise económica e social e da defesa do aparelho produtivo e para o fazermos em Aveiro.
A crise continua a ser o principal elemento do quotidiano da maioria dos portugueses, porque estão desempregados ou precários, porque o salário ou a reforma cada vez chegam para menos, porque os seus direitos de trabalhadores são espezinhados, porque o custo do crédito e dos bens e serviços essenciais sufocam os orçamentos familiares ou das pequenas empresas.
E não é porque nos últimos dias outros assuntos, sem dúvida importantes, têm ocupado as manchetes de jornais ou a abertura de noticiários de rádio ou televisão, que devemos esquecer que, para a maioria dos portugueses, a crise continua a ser a principal notícia do seu quotidiano.
E quanto à crise já não há presunção de inocência, investigações a desenvolver ou suspeitos a questionar. Quanto à crise e aos seus responsáveis a condenação é inequívoca: é o Governo PS, com a cumplicidade dos anteriores, o responsável por ela. E nem se pense que a crise internacional lhes pode servir de álibi. O certo é que já havia crise nacional antes de chegarem os efeitos da outra. E é também certo que a fragilidade em que o Governo deixou o nosso país acentua os efeitos que vêm de fora.
É também evidente que se justifica fazer estas Jornadas em Aveiro. Não só porque aqui os efeitos da crise são especialmente intensos, mas também porque, ao querermos abordar a situação do nosso aparelho produtivo, aqui encontramos bem vincados os resultados da política de desmantelamento dos sectores produtivos que o Governo PS acentuou.
Nestas Jornadas Parlamentares, juntam-se os Deputados do PCP na Assembleia da República e os Deputados do PCP no Parlamento Europeu, procurando fazer convergir as experiências, as intervenções e as propostas na defesa do nosso aparelho produtivo e no combate à crise, já que é evidente que boa parte do que condiciona e prejudica a nossa economia e o nosso país, também se decide na União Europeia, tantas vezes com a conivência e o apoio do Governo e de eurodeputados de outros partidos.
Como sempre, as Jornadas Parlamentares do PCP assentam num conjunto largo de encontros e visitas que nos permitirão tomar conhecimento da realidade concreta deste distrito, em muito semelhante ao que se vive por todo o país. Assim contactaremos com os vários sectores produtivos (agricultura e sector leiteiro, pescas e piscicultura, indústria automóvel e corticeira) mas também com a realidade do importante sector da saúde e a situação geral dos trabalhadores do distrito.
Aproveitaremos também para avaliar algumas das promessas, dos anúncios e das medidas do Governo. Os portugueses já perceberam que o Governo “anda por aí”. Mas também têm consciência de que as inaugurações, as primeiras pedras, os protocolos prometendo apoio e obra, nem sempre têm correspondência em reais medidas, sobretudo quando prometem para o futuro o que não fizeram nestes anos de Governo.
Apelamos por isso a todos os portugueses para que estejam atentos à utilização das funções e do aparelho de Estado para fins de propaganda eleitoralista, ou para esconder o que não fizeram e deviam ter feito. E quanto mais o Governo PS tem consciência de que a sua política não corresponde ao que prometeu aos portugueses e muito menos ao que eles necessitam, mais tentará fazer o uso ilegítimo dos meios e das funções públicas. Que outro significado terá que o responsável pela máquina eleitoral do PS seja nem mais nem menos do que um dos principais ministros e logo aquele que tem a responsabilidade das respostas e apoios sociais?
Iniciamos por isso estas Jornadas Parlamentares com a determinação de construir o caminho de uma ruptura com a política de direita cada vez mais necessária, apontando as responsabilidades do Governo a apresentando as propostas alternativas necessárias neste momento. Ao trabalho!