Os dias 6 e 9 de Agosto de 1945 são datas das mais negras da História da Humanidade. Pela primeira vez o mundo presenciou a terrível capacidade de destruição e morte da arma atómica e viu as cidades de Hiroshima e Nagasaki e suas populações sucumbirem ao poder desta monstruosa arma de destruição maciça.
O PCP associa-se a todos aqueles que, no Japão e em todo o mundo, relembram o hediondo crime praticado contra populações civis, indefesas e inocentes e o horrível legado que o uso da arma atómica deixou às populações de Hiroshima e Nagasaki que ainda hoje, passados 59 anos, sofrem com os efeitos da radiação libertada em Agosto de 1945.
Recordando as mais de 400.000 vítimas do holocausto, é importante relembrar que nenhuma consideração de ordem militar ou estratégica justificou este crime, tornando-o ainda mais horrível, uma vez que o Japão imperial estava já militarmente derrotado e a Alemanha nazi tinha já assinado a sua rendição. As bombas caíram, não para derrotar o Japão, mas para testar o poder de destruição da arma atómica e afirmar o poderio militar dos EUA.
Em 1945 a humanidade ficou a conhecer a dimensão do carácter cruel e desumano do imperialismo e o que pode gerar a sua sede de poder associada à guerra e ao militarismo. Esta é a dura lição que este trágico acontecimento constitui e que é necessário recordar e ter presente.
É que passados 59 anos sobre um dos maiores crimes do imperialismo norte-americano a humanidade corre sérios perigos, que decorrem das actuais políticas expansionistas e belicistas das principais potências capitalistas mundiais, nomeadamente:
O reforço da NATO e a revisão do seu conceito estratégico, transformando-a numa aliança político-militar de carácter agressivo que admite a utilização da arma nuclear em combate;
A aprovação do novo tratado para a União Europeia que prevê sua a militarização e transformação numa nova potência militar com vocação expansionista;
A revisão da postura nuclear dos EUA em 2002 com o rasgar dos tratados de não proliferação e o assumir do uso da arma nuclear em combate, elegendo até um conjunto de países alvo;
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A concretização de projectos tão sinistros como o sistema de defesa anti-missil (uma nova versão da "Guerra das Estrelas");
O crescimento exponencial dos orçamentos militares dos países membro da NATO com destaque para os EUA que atinge este ano um recorde histórico de quase meio bilião de dólares;
A militarização das relações internacionais com um forte crescimento do comércio de armamento a nível mundial desde o 11 Setembro;
A ocupação e assassinato de milhares de cidadãos no Iraque e Afeganistão e o autêntico genocídio do Povo Palestiniano;
- Estas políticas estão a colocar tudo e todos numa situação de guerra e instabilidade permanentes, cujos limites, infelizmente são imprevisíveis.
O PCP, reafirmando a sua postura de sempre, tudo fará dentro e fora das instituições para que Portugal se desvincule desta escalada de violência, militarismo e guerra e para que os trabalhadores e a juventude portuguesa fortaleçam a luta pela paz e pelo desarmamento, pela dissolução da NATO e pela inscrição na agenda das organizações internacionais, como a ONU, de um real e efectivo programa de eliminação dos arsenais nucleares existentes e de proibição de produção de armamento não convencional. E que as fabulosas quantias gastas em armamento sejam canalizadas para iniciativas que tornem o mundo em que vivemos muito melhor, nomeadamente para a investigação na área da medicina, no combate à pobreza em que se encontram mais de 500 milhões de seres humanos e para salvar as dezenas de milhar de crianças que em cada 24 horas morrem devido a causas evitáveis.
O PCP apela ao prosseguimento da luta contra a ocupação do Iraque, pelo regresso imediato do contingente da GNR e condena o envolvimento de Portugal na agressão ao Afeganistão, exigindo o regresso dos militares portugueses que lá se encontram.
O PCP alerta para os perigosos projectos militaristas dos EUA e potências europeias que, em nome do "elo transatlântico", envolvem o reforço do intervencionismo da Nato e da militarização da UE, compromissos para a remodelação do mapa político do "Grande Médio Oriente" e a criação de forças de intervenção para actuar em África.
Tendo na memória o pesar pelas vítimas de Hiroshima e Nagasaki e a consciência do perigo do holocausto nuclear, do uso de armas de destruição maciça, de assassínios em massa de populações indefesas, os comunistas portugueses reafirmam hoje, de forma especial, o seu empenhamento de sempre na luta pela paz e cooperação entre os povos e na construção de um mundo livre de armas nucleares. Um mundo mais justo e fraterno e portanto de paz em que se possa com segurança dizer: "Hiroshima, nunca mais!".