Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Morreu Fernando de Azevedo, presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes desde 1979, vive o pintor das ocultações, da dialéctica que oculta e desvenda na procura de um sentido na vida e na arte.
Estudante de um processo de ensino profissionalizante que se inicia na Escola de Artes Decorativas António Arroio e termina na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Fernando Azevedo é um nome incontornável do surrealismo português.
Foi um dos fundadores do projecto surrealista de Lisboa em 1947.
A sua produção liberta a imaginação para uma busca sem fronteiras, ultrapassando circunstancialismos históricos.
A instabilidade e mesmo a efemeridade do movimento surrealista terão determinado, provavelmente, outros importantes percursos artísticos de Fernando de Azevedo no mundo da ilustração, no teatro, na ópera, no bailado.
Mas não menos importante foi a sua intervenção na divulgação da arte portuguesa e estrangeira e no espaço da crítica artística, onde a observação e construção dicursiva era inúmeras vezes a desconstrução acessível do bem simbólico. Fernando de Azevedo, o artista e o cidadão convergiram na arte e na sociedade. Foram membros activos do Movimento Democrático dos Artistas Plásticos. Encontraram-se no colectivo de 48 artistas que em 1974 celebraram pela arte e com a arte a Revolução de Abril.
O Património Cultural, o Museu Nacional de Arte Moderna do Porto, o primeiro Conselho Nacional da Cultura pós Abril, a Fundação Galouste Gulbenkian foram só alguns dos espaços de manifestação estética do homem e do artista a suscitar sempre caminhos de futuro.
Diz Rui Mário Gonçalves, o amigo "Homem de cultura integral", assumindo lúcida e corajosamente responsabilidades associativas. Poucas pessoas sabem o que ele fez por muitas pessoas, pelo próprio país.