Notícias de hoje dão conta de um despedimento coletivo promovido pela Cofina Media que atingirá 26 trabalhadores - revisores, jornalistas, documentalistas, fotojornalista, coordenador geral de fotografia, bem como trabalhadores da direção comercial e do tratamento de imagem.
A Cofina, que detém o Correio da Manhã, o Jornal de Negócios, o Record, a revista Sábado e a TV Guia, além da CMTV, registou, em 2020, 5,5 milhões de euros em lucros recorrentes, tendo recebido 1,7 milhões de euros do Estado no âmbito da compra antecipada de publicidade institucional.
Em 2019, a Cofina registou 7,2 milhões de euros de lucros, tendo subido 15% em relação ao ano anterior. Lembramos que em 2017 a Cofina levou a cabo um alargado conjunto de despedimentos (incluindo despedimento coletivo) que atingiu cerca de 100 trabalhadores.
O que se está a passar com Cofina confirma o que o PCP vem afirmando sobre a concentração da propriedade no sector da comunicação social – além da perda de pluralismo, do crescente predomínio do fator económico, da mercantilização da informação, significa também a degradação das condições de trabalho dos jornalistas e de outros trabalhadores do sector da comunicação social, numa realidade marcada por despedimentos, precariedade, baixos salários, desregulação de horários de trabalho, trabalho extraordinário não pago, instabilidade e pressão, sendo estes profissionais tratados como “descartáveis”.
Para o PCP este comportamento da Cofina é absolutamente inaceitável, assumindo contornos ainda mais gravosos face aos lucros acumulados ao longo de anos.
Assim, ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que, por intermédio do Ministério da Cultura, preste os seguintes esclarecimentos:
1. Que avaliação faz o Governo da atuação da Cofina Media e que informações tem sobre a mesma?
2. Quando foi feita a transferência da verba de 1,7 milhões de euros para a Cofina? Que análise
faz o Governo da situação face à entrega desta verba e posterior despedimento de 26 trabalhadores pela Cofina?
3. Que medidas pretende o Governo tomar para defender os postos de trabalho e garantir o cumprimento dos direitos laborais dos trabalhadores?