Os desenvolvimentos das últimas semanas desmascaram a hipocrisia do discurso sobre uma suposta resposta humanitária da UE à crise dos refugiados. Esses desenvolvimentos deixam a nu a natureza desumana dessa resposta, que é afinal a natureza da própria União Europeia. O que foi vendido aos povos da Europa como um espaço de progresso e desenvolvimento, de paz, de solidariedade, de respeito pelos direitos humanos, revela-nos, perante o horror geral, a sua verdadeira natureza. Muros e arame farpado erguidos e cães lançados contra aqueles que fogem da guerra e da fome; campos de detenção onde tudo falta, a começar pela dignidade negada aos refugiados.
Esta proposta da Comissão fica aquém do que seria necessário e comporta aspectos dos quais discordamos. Todavia, é imperioso que pelo menos o parco apoio aqui previsto possa ser utilizado a favor dos refugiados que serão por esta via recolocados – a partir da Itália, Grécia e Hungria – noutros Estados-Membros. E que isso possa ser feito desde já, com o carácter manifestamente urgente que a situação no terreno impõe.
Por essa razão votamos favoravelmente esta proposta, sem apresentar alterações que pudessem atrasar o processo da sua aprovação. Mas lamentavelmente, mesmo este parco apoio vai provavelmente ser bloqueado no Conselho.