Destacado colaborador da muito americana Hoover Institution, o historiador Timothy Garton Ash será seguramente das últimas pessoas que o dr. Pacheco Pereira ou José Manuel Fernandes poderão acusar de «anti-americanismo» - e muito menos de delitos «de esquerda» - mesmo que só aos 18 anos...
Ora, torna-se deveras interessante ler o seu ensaio Antieuropeísmo na América, publicado no número de Fevereiro da New York Review of Books (www.nybooks.com).
Defende Garton Ash que, após o 11 de Setembro, quando o Le Monde titulou, a toda a largura da primeira página, Nous sommes tous des Américains e a Administração Bush contou com uma larga simpatia na sua aventura afegã, um momento marcou a viragem na opinião pública europeia e a sua origem está longe de Washington: a brutal e indefensável ofensiva de Ariel Sharon na Palestina.
E é o próprio Ash quem escreve que a reacção americana a essas críticas veio não apenas das alas mais conservadoras, não apenas de personalidades «fortemente pró-Israel, mas também de "verdadeiros likudistas"».
De facto, é impossível acreditar na bondade de tanques americanos em Bagdad, quando se vêem os tanques israelitas em Belém.