Dr. Durão Barroso.
O meu vizinho do 4º direito diz que tenho uma pistola.
Não seria grave, não fora ele afirmar que pretendo utilizá-la para o agredir.
Tivemos já múltiplas conversas. Expliquei que seria ridículo utilizar uma.
Por um lado, não se vê o que resolveria um tiro de pistola; segundo, sei que ele tem quatro revólveres, 12 caçadeiras (duas automáticas e três shot guns), e, consta, uma UZI 9 mm, aliás ilegal.
Ora, com tal desequilíbrio, ninguém equilibrado sairia porta fora aos tiros.
Algo humilhado, deixei-o vasculhar a minha casa. O armário dos remédios, a cama do cão, a caixinha das jóias, tudo.
Disse que a pistola estava no carro. Facultei-lhe as chaves, consenti que desse uma volta, foi até ao Guincho.
Não encontrou nem uma bisnaga, mas não se convenceu.
Diz que é ao contrário: não é ele que tem de provar que tenho a pistola, sou eu que tenho de provar que não a tenho.
Não sei o que fazer.
Tendo em conta o seu comunicado de 5 de Fevereiro sobre o Iraque (onde afirma que lhe cabe «o ónus da prova do seu desarmamento incondicional»), explique-me como posso provar não ter a pistola.
Atentamente.