Intervenção de Margarida Botelho, Comissão Política e do Secretariado da Comité Central, XXII Congresso do PCP

O trabalho político unitário com Democratas e Patriotas

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Camaradas,

O trabalho do Partido em unidade, com outros democratas e patriotas, é prioridade de acção de sempre. Foi assim no fascismo, quando a unidade e as lutas da classe operária na base de objectivos concretos deram impulso à unidade das forças democráticas. Foi assim na revolução, com a Aliança Povo /MFA. É assim agora, quando escrevemos no projecto de resolução política que está em discussão que:

“A construção da alternativa política patriótica e de esquerda, que tem em Abril, nos seus valores e conquistas, a sua principal referência, é um caminho que exige, de forma articulada e dialéctica, o desenvolvimento da luta, a participação das massas, o fortalecimento da organização dos trabalhadores e das massas populares e a convergência de democratas e patriotas em torno desse objectivo mobilizador. Um caminho que é inseparável do reforço e da afirmação do PCP – força indispensável e insubstituível –, do seu projecto distintivo, propostas e valores.”

Colocamos assim a necessidade da convergência com gente democrata, patriota, como questão central da mudança que o nosso país precisa.

Não são só os comunistas que sentem e vivem os problemas que identificamos com precisão nas Teses. A situação não prejudica apenas a classe operária e os trabalhadores. Atinge todas as classes, camadas e sectores antimonopolistas, incluindo sectores da pequena e média burguesia. Como a acção nacional em curso nos mostra, difícil é encontrar quem não viva os problemas dos salários, das pensões, da saúde, da educação, da habitação, quem não tema pelo futuro das suas crianças e jovens, quem não tema a guerra. 

A questão está em como estruturamos um trabalho de massas que vá tão longe quanto é verdadeiramente possível para os envolver. Há milhões de pessoas no nosso país a concordar com o diagnóstico que fazemos. Precisamos de abrir perspectivas de soluções, dar-lhes a confiança de lutar por elas, pelo futuro.

Os comunistas têm a enorme vantagem da discussão colectiva, da organização, da independência de classe do nosso Partido, na análise, na acção, na intervenção e nos meios.

Mas não sabemos tudo, nem mudaremos o mundo sozinhos. A unidade é uma construção permanente, que exige um apelo político certeiro, desassombrado e corajoso, sim, mas também precisa de um trabalho de formiguinha.

Um trabalho de contacto individual, militante. Com os colegas no trabalho e na escola, com os amigos, a família, os vizinhos, as pessoas que estão connosco no sindicato, na associação, nos serviços públicos, nos momentos de convívio e na luta. 

Um trabalho de contacto colectivo, dirigido pelas organizações do Partido, na célula de empresa ou na organização local, que vê quem são as pessoas que se destacam na vida colectiva, cuja opinião, energia e conhecimentos são necessários, da cultura à ciência, do desporto ao movimento associativo. 

Um trabalho que tem nas próximas eleições autárquicas um ponto alto, alargando e afirmando a CDU como a grande força de esquerda no poder local, que vai envolver milhares de pessoas sem filiação partidária nas suas listas em todo o país, numa acção de contacto que é para acelerar desde já. 

Um trabalho de massas, que liga e enraíza ainda mais o Partido, que fortalece as organizações dos trabalhadores e das populações e o seu carácter democrático e unitário.

Em todas as circunstâncias, é preciso nestes contactos esclarecer, dar uma informação correcta e verdadeira, ajudar à reflexão e ao sentido crítico, com abertura e respeito, aprendendo sempre com a opinião e a experiência dos outros. Mas é preciso também ganhá-los para a intervenção pública, organizada, para a luta. Dar coragem e confiança. Mostrar que não estamos sozinhos.

Os tempos são muito difíceis, as vidas são muito complicadas. Mas será tudo pior se cada um se isolar. As Teses referem que o confronto entre os que querem mais Abril nas suas vidas e os que querem dar por terminado o processo contra-revolucionário é o que vai marcar e determinar a evolução do país nos próximos tempos. A nossa tarefa é chamar a esta luta todos os democratas, todos os patriotas, que querem defender e fazer avançar Abril.

Viva a JCP!
Viva o PCP!

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