Intervenção de Belmiro Magalhães, Comissão Política do Comité Central, XXII Congresso do PCP

Aumentar salários e pensões para uma vida melhor

Camaradas,

Portugal é um país empobrecido, com profundas injustiças e desigualdades.

O poder de compra dos salários e pensões definha, os serviços públicos, desde logo o SNS e a escola pública, degradam-se, a habitação é cada vez mais cara. A economia não passa da cêpa torta, mas os lucros dos grandes grupos económicos e financeiros continuam a bater recordes.  Quem vive do seu trabalho e cria a riqueza do país ou trabalhou uma vida inteira, continua a ver os resultados do seu esforço a servir apenas para engordar os lucros dos do costume.

O País não aguenta mais baixos salários. O País não aguenta a falta de respostas aos problemas das pessoas. Estamos perante uma emergência nacional e foi por isso, que o Partido, com arrojo e coragem, lançou em finais de Setembro a Acção Nacional «Aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor!». Uma ampla acção de contacto, mobilização, envolvimento e participação, nas empresas e locais de trabalho, nas ruas e praças, nos transportes públicos, nas escolas e mercados, em todos os locais.

Uma acção que está a ser um notável êxito como já foi aqui referido pelo Secretário-Geral do Partido na intervenção de abertura. No cumprimento das orientações da Conferência Nacional, o Partido lançou a cada trabalhador, a cada jovem, a cada mulher, a cada pensionista, o desafio de participar nesta jornada de luta por uma vida melhor. E quase 80 mil portugueses já assinaram o abaixo-assinado do PCP, confirmando o acerto da Acção, a justeza dos seus conteúdos e a ampla disponibilidade  de muitos em contribuir activamente para mudar o actual estado de coisas.

A grande receptividade verificada demonstra bem como é fundo o sentimento de injustiça.
Demonstra bem o prestígio do Partido como força portadora da alternativa, força de gente séria, força respeitada e na qual as pessoas confiam.

Quando afirmamos que preparamos o Congresso em ligação com a vida, o exemplo da Acção é paradigmático. Desde Setembro fizemos centenas de acções de contacto, num amplo movimento de esclarecimento e mobilização, numa experiência de trabalho profundamente positiva.

A Campanha demonstra bem que a “bolha mediática” não determina tudo. Que a vida real e os problemas concretos são o terreno firme em que devemos continuar a intervir.

Os camaradas que já participaram, sabem do que falo. Há pessoas que passam por nós e, à cautela, rejeitam conversar. Mas depois, quando percebem que é de salários, pensões e serviços públicos que falamos, voltam para trás e dizem “para isto sim, contem comigo”.

Os relatos são abundantes: da operária sem filiação partidária que pediu folhas e que recolheu as assinaturas juntos dos colegas de trabalho; ao camionista que parou o trânsito para assinar; às diversas empresas onde se recolhem dezenas de assinaturas nos locais de convívio dos trabalhadores; e podia continuar. Bons exemplos não faltam!

A Acção tem sido também uma oportunidade para envolver e responsabilizar novos camaradas.
 
Num quadro tão exigente como é o actual, o êxito da Campanha dá-nos mais confiança e contribui para o necessário aprofundamento de um estilo de trabalho partidário que privilegia o contacto directo, a presença de rua e a afirmação audaciosa das nossas posições. As nossas bancas, as sonoras, as bandeiras, acrescentam impacto à nossa presença e dão força às nossas propostas.

Camaradas,

Não se pretende aqui fazer um balanço definitivo da Campanha. Já muito foi feito mas ainda há muito por fazer. Nos próximos tempos vamos continuar por todo o lado na recolha de assinaturas, no esclarecimento e mobilização na certeza que o objectivo de recolha de 100 mil assinaturas até ao próximo aniversário do Partido será claramente ultrapassado.

Neste trabalho, a dimensão do esclarecimento tem um grande valor. Cada conversa é uma “pedrada” na tentativa de imposição do pensamento único. É um acto de luta ideológica, de resistência e de afirmação no nosso projecto de transformação social. Esta é uma dimensão que temos que ter mais em conta no trabalho que temos pela frente.

Ao grande significado que por si terá a entrega ao Primeiro Ministro do conjunto de assinaturas que viermos a conseguir recolher, ficarão certamente muitas sementes nas consciências daqueles com quem conversarmos. E isso tem um valor incalculável para o presente e para o futuro!

Camaradas,

Na Assembleia da República, acusam-nos de estarmos sempre a falar de salários, que não sabemos outra. Na verdade, esta tentativa de graçola é o reconhecimento do compromisso inabalável do Partido com os trabalhadores e o povo. Só mesmo o PCP pode ser acusado de tal coisa!

E não apenas vamos continuar a falar de salários, pensões e serviços públicos na Assembleia da República, mas sobretudo fora dela. Com as pessoas, com os trabalhadores, com o povo, por todo o país, agitando, esclarecendo, mobilizando. Porque, com um PCP mais forte e com a luta do nosso povo, vida melhor é possível!

Viva a luta do povo e dos trabalhadores!

Viva o XXII Congresso!

Viva o Partido Comunista Português!

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