Camaradas,
Podemos referir os mais variados processos de luta a decorrer no distrito de Portalegre, nomeadamente na Evertis/Selenis, Hutchinson de Campo Maior e Hutchinson de Portalegre.
Gostaríamos de nos focar e dar a conhecer o processo de luta dos trabalhadores da Hutchinson de Campo Maior, um entre dezenas que se construíram nos últimos anos, impulsionados pelo movimento sindical unitário de classe da CGTP Intersindical Nacional, com o contributo inestimável de centenas de trabalhadores e activistas sindicais e da organização do Partido.
Um contributo que passa, em primeiro lugar, pela visão que todos nós partilhamos de que é pela luta que os trabalhadores concretizam os seus objectivos de melhoria das suas condições de trabalho e consequentemente de vida.
Como em outros processos de luta, na Hutchinson de Campo Maior o caminho foi irregular, com avanços e recuos e com momentos de impulsão que resultaram em fenómenos de massas a partir da organização e unidade dos trabalhadores. Em 25 anos de laboração nunca tal tinha acontecido, na Hutchison, ou em qualquer outra empresa do concelho de Campo Maior.
Um desses momentos teve lugar precisamente durante a pandemia quando a direcção da fábrica determinou que os trabalhadores deviam horas de trabalho, na sequência dos encerramentos e lock downs típicos daquela fase difícil. Foi determinado pela administração, de forma unilateral, que os trabalhadores, para pagarem o que deviam a um dos maiores grupos económicos da Europa, tinham de trabalhar aos sábados, sem receber, criando um banco de horas encapotado.
O movimento sindical unitário articulado com a organização concelhia e quadros do partido do concelho de Campo Maior, nunca deixando de estar nos locais de trabalho e acompanhando os trabalhadores neste momento de grande incerteza, dinamizou encontros com os trabalhadores fora da fábrica e percebeu que, estando ali em causa o roubo do tempo dos trabalhadores, uma matéria central na luta, os trabalhadores estavam disponíveis para travar essa ofensiva da empresa.
A fábrica recuou face à unidade dos trabalhadores, visível na posição que o sindicado SITE SUL assumiu, fazendo valer os pré-avisos de greve ao trabalho aos sábados, colocados pela sua federação, a Fiequimetal. Trabalhadores destacaram-se neste processo e foram esses que serviram de ponte para outro processo de luta que se veio a verificar mais tarde em torno do caderno reivindicativo.
Os plenários que levaram à aprovação deste caderno reivindicativo foram a prova da disponibilidade para resolver mais um problema, relacionado desta vez com a necessidade que a fábrica impôs de serem os seus próprios serviços de medicina a comprovarem a situação de doença do trabalhador em caso de baixa. Este problema concreto, a somar-se ao empobrecimento que os trabalhadores estão sujeitos, conduziu a um processo de luta em defesa do aumento dos salários e de outras reivindicações que constaram no primeiro caderno reivindicativo apresentado em vários anos. Foram emitidos 3 pré-avisos de greve que resultaram em grandes concentrações à porta da empresa. Ações onde os trabalhadores participaram pela primeira vez, numa luta concreta, pelo direito a viver dignamente do seu trabalho, na valorização do seu salário, na conquista de melhores condições de vida.
Camaradas
Todas estas ações de luta só foram possíveis devido à intervenção do movimento sindical unitário, de massas e da organização do Partido.
Passado mais de um ano a Hutchinson de Campo Maior, continua a sofrer com a política de subserviência e de dependência económica que os sucessivos governos PS/PSD e CDS nos tem imposto e cujas consequências se fazem sentir em toda a indústria de fabricação de componentes para automóveis, ainda que de forma diferenciada.
O movimento sindical unitário e a organização do Partido continuam a desempenhar o mesmo papel, com a mesma cara, a mesma força e confiança, no apoio incondicional e intransigente, na organização dos trabalhadores pela defesa dos seus postos de trabalho, dos seus direitos laborais, na construção de uma vida melhor.
Demore o tempo que demorar, exija o que exigir, uma coisa é certa: nós, comunistas cá continuaremos na luta que todos os dias se constrói, organizando, mobilizando, trabalhadores, em torno dos seus problemas e justas reivindicações.
Viva a luta dos Trabalhadores!
Viva o PCP!