Intervenção de Cátia Benedetti, Direcção da Organização da Região Autónoma dos Açores, XXII Congresso do PCP

A luta dos produtores açorianos

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O sector primário nos Açores é uma das alavancas para o seu desenvolvimento e diminuição da dependência externa. Juntamente com o sector de transformação, representa uma fatia importante da economia da Região e, nalgumas ilhas, uma das maiores entidades empregadoras. Mas o sector primário tem vindo a ser destruído pelas políticas e diretrizes da União Europeia, sempre acompanhadas pela política de direita do PS, e, nos últimos anos, ainda mais radicalizadas por PSD, CDS-PP e PPM. Assim assistimos ao encerramento da Fábrica das Flores, que já ganhara vários prémios pelo seu queijo, e que produzia iogurtes e manteiga de excelência, à possível insolvência da Fábrica do Pico, também esta com manteiga e o queijo de grande qualidade, e ao fim de diversas queijarias na Região.
 
O preço pago aos produtores pelo leite é extremamente baixo, e nalguns casos até são multados por entregar leite em excesso, como acontece aos que têm de vender à multinacional Lactogal. Continua a faltar um Posei Transportes para diminuir o custo dos fatores de produção, falha a manutenção dos caminhos agrícolas e falha mesmo o abastecimento de água, que exigiria mais bacias de captação. Os agricultores são induzidos a abandonarem a fileira do leite e a optaram pela carne, levando ao fecho das fábricas transformadoras. Os apoios anunciados para a diversificação da agricultura, para produção de frutícolas e hortícolas, chegam tarde e a más horas ou não chegam de todo. À apicultura faltam apoios e falta uma estratégia para o seu desenvolvimento.

Nas pescas continua-se a aceitar qualquer diretriz da União Europeia, sem considerar que o que é diferente tem de ter um tratamento diferente e ser valorizado. As artes de pesca açorianas são artesanais e sustentáveis, como no caso do atum, pescado à vara, sem outras artes mais predadoras como o cerco. Mas o governo regional opta por ser um menino bem-comportado aos olhos da União Europeia e define áreas de proteção marinha em 30% mesmo antes dos prazos estabelecidos: e o prémio que recebe é a possível, quase inevitável corte na quota do goraz, que poderá chegar aos 35%, e resta dizer que o goraz é uma das espécies mais importantes para o rendimento dos nossos pescadores. Nos Açores, para os sucessivos governos regionais, modernização da frota e proteção dos recursos piscatórios são sinónimos de abate de embarcações, concentração da pesca costeira, precariedade dos bolseiros de investigação e promessas de um navio de investigação que tarda em chegar.

A falta de uma estratégia de transportes marítimos e aéreos para escoamento dos produtos é transversal aos dois sectores. E assim se desvaloriza o sector primário e transformador. A nova monocultura é o turismo, que enriquece uns poucos, mas empobrece muitos: os próprios trabalhadores do sector, explorados e mal pagos, e a generalidade da população, confrontada com aumentos vertiginosos dos custos ao consumo e da habitação. Os açorianos podem contar com os comunistas para a construção de uma Região mais justa e desenvolvida. Estamos onde sempre estivemos, ao lado da população por uma Região com futuro.

Viva a Luta dos Produtores Açorianos
Viva a Juventude Comunista Portuguesa
Via o Partido Comunista Português

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