Camaradas,
para todos as saudações antifascistas
No país, na europa e no mundo confrontamo-nos com o recrudescimento de conceções retrógradas e fascizantes, com a promoção de forças de extrema direita, a difusão do anticomunismo, a falsificação da história, o branqueamento do regime fascista e a reescrita da Revolução de Abril, o ataque e o apagamento das suas conquistas e valores.
A Revolução de Abril, não foi uma transição, como alguns setores, em particular a direita, procuram fazer crer.
A Revolução de Abril foi um processo libertador e transformador que derrotou o fascismo, libertou os presos políticos, acabou com a censura, desmantelou a PIDE, acabou com a guerra colonial e o colonialismo, restituiu ao povo as liberdades democráticas e encetou profundas alterações económicas que levaram à derrota dos monopólios e dos latifúndios que sustentavam o fascismo.
É evidente que a direita nunca se conformou com as transformações realizadas pela Revolução e mantém ainda, essa amargura, por o próprio golpe contrarrevolucionário do 25 de novembro não ter ido mais longe e atingido tudo o que alguns tinham como objetivo.
Neste combate antifascista é indispensável reconhecer a imensa atividade desenvolvida pelo Partido e pelos seus militantes, ao mesmo tempo que se alarga a confiança na importante e ampla intervenção concreta das forças democráticas, progressistas, das organizações e associações antifascistas como a URAP, União de Resistentes Antifascistas Portugueses, com um imprescindível papel em defesa da liberdade e da paz.
Nesse sentido, se realça a importância da participação e da atividade da URAP, e dos seus Núcleos por todo o País, em colaboração com organizações e entidades diversas, de vários quadrantes políticos no alargamento da convergência no combate pela verdade, contra ideias e projetos retrógrados e reacionários da extrema direta.
Se valoriza o estudo que a URAP tem vindo a realizar para registar, um a um, os presos políticos do fascismo e a realização de atos públicos com Municípios, Sindicatos e outras Instituições para os divulgar e homenagear.
A edição de livros com informação sobre os crimes do fascismo e do colonialismo português, onde se juntam testemunhos da resistência das dezenas de milhares de antifascistas que passaram pelas sinistras cadeias do fascismo e a valorização de todas e todos que se empenharam na luta pela conquista da liberdade.
Se valoriza a luta travada pelo movimento de opinião democrática dinamizado pela URAP, ex-presos, familiares, amigos para que a Fortaleza de Peniche não desse lugar a uma pousada de turismo. Em resultado da luta popular foi criado o Museu Nacional Resistência e Liberdade, inaugurado a 27 de abril deste ano, 50 anos depois da libertação dos presos das cadeias Peniche e Caxias e que em menos de seis meses já tinha registado cem mil visitantes.
Felicitamos, também, a notável atividade desenvolvida pelo Museu Aljube, em Lisboa, onde, a par da exposição permanente, desenvolve uma diversificada programação para atrair mais públicos, mais visitantes, portugueses e estrangeiros, sobretudo alunos de escolas.
Felicitamos a persistente luta que a URAP e o movimento de democratas do Porto vêm desenvolvendo para que a antiga cadeia de PIDE na Rua do Heroísmo, local que encarcerou milhares de presos, conhecida pelo terror, violência e tortura que a PIDE ali praticava, se erga, também ali,um Museu da Resistência.
O mesmo acontece com a intervenção que a URAP está a desenvolver para que na Fortaleza de São João Baptista, na Ilha Terceira, seja criado um “Espaço de Memória”, para homenagear os milhares de antifascistas, os deportados e os presos políticos que ali estiveram.
Neste combate pela verdade e pela memória, a URAP, em conjunto com a Associação 25 de Abril e a Câmara Municipal de Oeiras, a par do Monumento aos ”Libertados e Libertadores” já erguido junto à Estação da CP em Caxias, tem projetado um memorial onde serão inscritos os nomes dos mais de dez mil presos que passaram pela Cadeia de Caxias.
A URAP tem igualmente intensificado a sua atividade junto dos mais jovens.
No âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, realizou 420 sessões em Escolas e Universidades, no Continente e nos Açores, juntando cerca de 32.000 alunos e 1100 professores, sessões que encheram salas e pavilhões, e contaram com a presença e participação de ex-presos políticos, outros antifascistas e dirigentes da URAP.
Camaradas,
A luta pela sociedade mais justa pa que aspiramos, que o Partido inscreve no seu programa e este XXII Congresso dá continuidade, é também o combate ao ascenso das ideias fascistas e fascizantes. Integra-se na luta pela rotura com a política de direita, nesta caminhada para a construção da alternativa patriótica e de esquerda, ao tomar a iniciativa com os Trabalhadores e o Povo, defendendo e afirmando os valores de Abril.
25 de Abril sempre!
Viva o Partido Comunista Português!