No debate com o Secretário-geral do PCP, preparatório do XXI Congresso, os membros da Direcção Nacional da JCP demonstraram, como era de esperar, um profundo conhecimento da realidade juvenil e um grande envolvimento nas suas lutas – sejam elas travadas nas escolas dos vários graus de ensino, nas empresas e locais de trabalho de diversos sectores ou nas múltiplas expressões do movimento associativo. A realidade concreta que é a sua, e que conhecem como ninguém, foi o ponto de partida para uma discussão aprofundada, da qual resultaram contributos para enriquecer as Teses.
A educação e o trabalho estiveram no centro de muitas intervenções. O modo como os exames nacionais ou as propinas põem efectivamente em causa o direito universal à educação foram questões colocadas por um dos oradores, ao passo que outro responsabilizou o Processo de Bolonha e o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) pelos crescentes obstáculos colocados à participação associativa dos estudantes. Também no Secundário, realçou outro jovem comunista, há uma tendência para a «quase criminalização dos dirigentes associativos».
A divisão estabelecida «tanto à entrada como à saída» entre estudantes dos ensinos Secundário e Profissional foi também salientada, destacando um dos membros da Direcção Nacional da JCP que os estudantes do Profissional são à partida preparados para serem «mão-de-obra pronta a ser explorada». No que respeita ao trabalho, e para além de questões relacionadas com a precariedade, o desemprego e os baixos salários (que afectam muitos jovens portugueses) foi sublinhada a necessidade de conhecer melhor as condições em que laboram os imigrantes e aqueles que o fazem em plataformas como a Uber ou a Glovo. Sobre estas, como relativamente à generalização do teletrabalho, outro jovem afirmou que o objectivo do capital é individualizar ao máximo as relações de trabalho.
O combate a forças reaccionárias e fascizantes motivou algumas intervenções, tendo os jovens em causa salientado a necessidade de lhes opor a luta organizada da juventude pelos seus direitos específicos. Ligado a isto está a poderosa ofensiva ideológica que tem os jovens como alvos privilegiados: valorizando os avanços da intervenção partidária nas redes sociais, destacou-se que o campo de batalha privilegiado dos comunistas – e da JCP em particular – é junto dos jovens, onde quer que se encontrem.
Os caminhos para reforçar a intervenção e a organização da JCP e do Partido mereceram particular aprofundamento.