Intervenção de André Martelo , Membro da DORLEI , XXI Congresso do PCP

Os incêndios de 2017 e o Pinhal de Leiria

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Se vos disser a palavra casa, em pensamento edificam quatro paredes e um telhado, lugar físico de conforto e protecção. Mas casa não se extingue nessas paredes, nela cabem outros lugares do quotidiano - um rio, o mar, ou um pinhal.

Para as pessoas da Marinha Grande a Mata Nacional de Leiria é casa, porque aquelas árvores lhes espreitaram a vida inteira: dos episódios que só cada um saberá contar até às maiores festas populares, como o Dia da Espiga.

Disso exemplo é o dia 28 de Março de 1947.

Milhares de jovens participaram num acampamento organizado pelo MUD-Juvenil junto ao Pinhal de Leiria, exigindo democracia e liberdade. Tiveram como resposta a violência, arepressão e a prisão por parte do regime fascista..

Desde então o dia 28 de Março passou a ser um símbolo da luta da Juventude.

Também aí puderam contar com o Pinhal como um refúgio.

Além de casa a Mata tem sido o local de trabalho de muitos.

Propulsor no surgimento da indústria vidreira, o Pinhal foi chão dos caminhos nocturnos de tantos, muitos ainda crianças, que rumavam às fábricas de vidro à procura de sustento.

Perante o fascismo quem resistiu pôde contar com o pinhal como esconderijo ou sala de reuniões.

Foi em torno de tudo isto que a vida das populações se foi construindo, num concelho onde 54% da sua área é florestal.

Com o incêndio de 2017, assistimos à redução de 86% do pinhal a cinzas. Ardeu metade do território do concelho.

A dimensão e consequências do incêndio são um espelho do desinvestimento público na preservação e manutenção da Mata. Atravessá-la hoje significa percorrer quilómetros de negrume e destruição. Depois de três anos de muitas promessas e inúmeras manobras de propaganda, quase tudo está por fazer – O Governo, com o apoio da Câmara Municipal, não só não cumpriu as suas responsabilidades, como tratou de vender uma boa parte da madeira ardida – sem servir para reinvestimento local.

Desde 2017 que o PCP tem sido, em variados planos, o Partido mais activo na resolução deste problema – não só em solidariedade com as várias formas de protesto e reivindicação mas também na proposta de políticas que defendam as matas e florestas.

O tempo é de passar das palavras aos actos e por isso estamos a exigir para o nosso Pinhal:

- A sua propriedade e gestão públicas.

- Um plano de combate às consequências directas do incêndio.

- O Investimento de pelo menos 13 milhões de euros (o mesmo valor que resultou da venda de madeira queimada)

- A classificação do Pinhal como Reserva da Biosfera da UNESCO.

- A suspensão imediata do projecto Revive Natura no Pinhal.

- A criação do Museu Nacional da Floresta na Marinha Grande

- O Investimento no reforço da estrutura do ICNF

- E medidas de usufruto popular da Mata.

Nesta luta o trabalho unitário e a participação popular tem sido e continuará a ser determinante. Além de uma petição, realizaram-se várias acções de luta – a última no passado mês de Outubro, assinalando os três anos que se passaram desde o incêndio.

A heróica história da Marinha Grande prova que a luta das massas, organizada e consequente, persistente e determinada, transforma a realidade – e uma vez mais, o PCP aqui está firme, na vanguarda da luta, junto de uma população que toma nas suas mãos o combate pelo renascer de um Pinhal, que ergueram como casa, de todos e para todos.

Viva a Juventude Comunista Portuguesa!
Viva o Partido Comunista Português!

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