Intervenção de Carina Castro, Membro do Comité Central, XXI Congresso do PCP

A situação na Comunicação Social e a ofensiva ao PCP

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Camaradas

Há 4 anos atrás dirigimo-nos no Congresso aos jornalistas que aqui se encontravam a trabalhar. Hoje são menos, não apenas pelas circunstâncias que vivemos, mas sobretudo porque as redacções, que já eram curtas então, ficaram ainda mais à míngua.

Os ritmos de trabalho acelerados, os horários de trabalho que não têm fim, escrever para várias plataformas, conceber títulos para angariar clicks, os directos contínuos e a precariedade eterna são tendências que se acentuaram.

Com o surto epidémico, a vida também ficou mais difícil para os jornalistas. Não foi obra do vírus, mas acto contínuo da exploração. Teletrabalho sem direitos, sem material, sem horários, lay-offs, despedimentos. Empresas que receberam financiamento cego do Estado, somaram-lhe os apoios do lay-off - algumas ainda se mantêm como o jornal A Bola, e outras no final ainda despediram trabalhadores, como é o caso do escandaloso despedimento colectivo na Globalmedia, trabalhadores a quem queremos deixar uma palavra de solidariedade.

No serviço público de informação, a administração da RTP e o governo tudo fizeram para que o Prevpap não respondesse aos trabalhadores, e para que se perpetuasse a precariedade, mas os trabalhadores têm resistido e lutado. Na Lusa a recente marcação de greve dos trabalhadores travou a tentativa de roubo do subsídio de transporte. Uma vitória importante, que saudamos.

Com relações de trabalho frágeis não se faz jornalismo e não se combate a desinformação. Quando a lógica prevalecente é o publicar primeiro e verificar depois, quando os factos e a verdade são subalternizados em função do imediatismo, da precariedade, da escassez de recursos e do que vende publicidade: isso é fake news e não informação.

Camaradas

Por outro lado, o poder da informação está hoje na mão de conglomerados
que concentram órgãos de comunicação social e plataformas de produção e divulgação de conteúdos, o que contraria a CRP, mas que conta com a atitude inerte e mesmo colaborante dos poderes públicos que o podem travar. Conglomerados que favorecem a confusão entre publicidade, espectáculo e notícias, entretenimento e informação, e criam caminho para a campanha de manipulação política e ideológica que enfrentamos.

Falamos da recorrente narrativa do crime, da violência, da xenofobia, da corrupção, da promoção da divisão entre trabalhadores, do tratamento pejorativo de sindicatos e das lutas, ou do ataque aos “políticos” e à democracia, da promoção directa e indirecta da demagogia e da propaganda de extrema-direita.

É o ambiente que favorece o individualismo, o salve-se quem puder, e que nos últimos anos teve uma expressão de ataque ao PCP que deve inquietar todos os democratas.

Camaradas

Acentuaram-se silenciamentos e omissões da nossa mensagem e actividade, fomentaram operações de difamação contra dirigentes do Partido, recorrendo à mentira, à manipulação e à insídia. Requentaram os ataques em torno de posicionamentos internacionais e as tentativas de acantonamento do PCP à direita conservadora em tantas matérias. Sem contraditório, sem contexto.

É particularmente relevante a campanha reaccionária e de promoção do medo, a pretexto da epidemia, contra o 25 de Abril e o 1º de Maio, e que culminou numa ofensiva sem precedentes contra a Festa! E agora contra o Congresso. Uma campanha de atemorização colectiva com o objectivo de impor e levar à aceitação de restrições ao exercício de direitos e liberdades.

Uma campanha que procurou primeiro dissuadir o PCP a realizar a Festa do Avante, depois esvaziá-la e causar o maior dano possível ao Partido. Foi a teoria dos privilégios PCP, as imagens da festa a ilustrar as notícias sobre a Covid-19, foram espaços de comentário e opinião pública infindáveis. Imagens de massas de edições anteriores como nunca antes tínhamos visto. Foi a primeira página falsa do NYT. Foram horas de tempo de antena que cavaram fundo na percepção popular. Sem contraditório, sem contexto.

Camaradas

A ofensiva anti-comunista não é de hoje mas não ignoremos as características e intensidade desta campanha e dos recursos que mobilizou. É o capital a fazer contas com o PCP pelo seu papel ímpar na sociedade portuguesa de combate à exploração, e particularmente, pelo que protagoniza na vida política nacional.

Mesmo os que divergem do PCP não podem deixar se de questionar e de agir com tal promoção de anti-comunismo e ódio fascizante. Este é também um desafio aos jornalistas do nosso país. Para um regime de liberdade é essencial uma comunicação social pluralista, democrática e responsável, porque ela é essencial “ao conhecimento das realidades e ao esforço colectivo para a solução dos problemas nacionais” e é também por isso que lutamos.

Viva o XXI Congresso
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