Estamos aqui a comemorar o 94º aniversário de um Partido com uma história ímpar – o aniversário do Partido Comunista Português. Partido da resistência anti-fascista, da liberdade e da democracia. Partido da Revolução de Abril e das suas conquistas. O Partido das grandes causas e de todos os combates contra a exploração, a opressão e as desigualdades, sempre presente na vida dos trabalhadores, do nosso povo, do nosso País, nos momentos de resistência, transformação e avanço.
O Partido da classe operária e de todos os trabalhadores e continuador legítimo das suas melhores tradições de luta, das realizações progressistas e revolucionárias do povo português e que se afirma como parte inseparável do futuro democrático e socialista de Portugal.
O Partido de uma dedicação sem limites à causa emancipadora da classe operária e dos trabalhadores, do nosso povo. O Partido com que os trabalhadores e o povo sempre podem contar e em todas as circunstâncias. Partido que insiste, sempre e sempre, na sua profunda ligação aos trabalhadores e ao povo e se identifica com as suas aspirações e reivindicações.
O Partido que foi em todos os tempos da sua longa existência e assim continua hoje, uma força viva, actuante e combativa que soube passar de geração para geração o testemunho da dedicação à luta e à causa da libertação dos trabalhadores e dos povos, e de se renovar na exigente tarefa de fazer avançar a roda da história, por isso é, e será sempre o Partido da juventude.
Um Partido que não esquece, antes tem presente o contributo das gerações de comunistas que nos precederam. Mulheres, homens e jovens de todas as condições sociais, gente simples e anónima, que deram um contributo inestimável, e alguns a própria vida, nas mil lutas que travámos nas mais diversas circunstâncias para servir o nosso povo, mas também os muitos que são uma referência nos mais diversos domínios da vida do País e de onde sobressai a figura ímpar de Álvaro Cunhal.
Aqui estamos celebrando 94 anos de um Partido que tem da política uma visão nobre e elevada, baseada no trabalho, na dedicação e na luta pela resolução dos problemas dos trabalhadores, do povo e do País.
Partido com importantes valores éticos e morais, cujos militantes deram e dão provas sem paralelo, recusando e combatendo favores e benefícios.
Celebramos o Partido coerente que somos. O Partido que não cede a pressões e chantagens, aprende com a vida e segue determinado na afirmação da sua identidade comunista.
Partido que contribuiu para construir uma vida digna e melhor. O Partido cujos militantes no Poder Local e outras instituições, no movimento popular e aos mais diversos níveis agiram e agem para a resolução dos problemas dos trabalhadores e das populações, para a concretização das suas aspirações.
O Partido que promove a participação e a luta. O Partido que alerta, esclarece, mobiliza e une, mostrando a força imensa da luta para resistir aos ataques e retrocessos sociais e civilizacionais, e para transformar a sociedade.
O Partido que, sem vacilar, se demarcou e denunciou a ilegítima intervenção externa na vida do País e lhe fez, e faz, frente unido, determinado e confiante na luta e na possibilidade da ruptura e na vitória do nosso povo sobre a política de exploração, empobrecimento e ruína nacional, sobre os seus promotores e executantes, como o demonstrou o Encontro Nacional do PCP do fim-de-semana passado “Não ao declínio nacional. Soluções para o País”. Encontro que esconderam na comunicação social, numa operação de deliberada censura e silenciamento.
Sim, ali estiveram cerca de 2 000 participantes a debater, a reflectir e a apontar os caminhos da política alternativa e da alternativa política!
Sim, silenciaram o Encontro, esconderam-no do País porque sabem que reside aqui, neste Partido Comunista Português que hoje comemora 94 anos de vida, a grande força impulsionadora da real mudança de que o País precisa.
O Partido que tem propostas e soluções para os problemas que o País enfrenta, como o demonstrou o nosso Encontro Nacional. Propostas e soluções para libertar o País da submissão ao estrangeiro e ao grande capital monopolista e capazes de dar expressão a uma política patriótica e de esquerda identificada com as aspirações dos trabalhadores e do povo português a uma vida melhor, mais digna e justa.
Desiludam-se aqueles que, escondendo, silenciando e omitindo as soluções que temos e defendemos para o País nos pretendem desencorajar e desanimar no combate que estamos a travar pela afirmação e exigência de uma política alternativa e desta força necessária e insubstituível.
Não nos desencorajarão, antes nos incentivarão a dar mais força à nossa firme determinação de travar esse combate!
Aí está, no próximo dia 10 de Março, a Acção Nacional «A força do povo, por um Portugal com futuro, uma política patriótica e de esquerda» em estreita articulação com a elaboração do programa eleitoral do PCP.
Aí temos já em desenvolvimento com início a 12 de Março a Acção Nacional «Com a força do povo, construir as soluções para o País”. Uma grande acção de contacto e esclarecimento dirigida a afirmar a política alternativa que o PCP propõe!
Aí temos, igualmente anunciada, a Marcha Nacional pela libertação e dignidade nacionais, por uma política patriótica e de esquerda, prevista realizar no próximo dia 6 de Junho em Lisboa. Uma iniciativa que queremos que seja uma forte afirmação de exigência de mudança e de expressiva manifestação de confiança dos trabalhadores, dos democratas, dos patriotas, do nosso povo na sua luta e de que há um caminho alternativo à política de declínio nacional que está a ser imposta ao País!
Somos o Partido portador de um projecto de futuro. O Partido portador das soluções e do projecto alternativo, contra o capitalismo, pela democracia avançada que queremos simultaneamente política, económica, social e cultural, pelo socialismo e o comunismo, nesse sonho milenário de que nenhum homem possa ser explorado por outro homem.
O Partido da solidariedade internacionalista, contra a agressão imperialista, da luta pela paz e a cooperação entre os povos.
O Partido que intervém com uma confiança inabalável assente na sua história, no seu projecto e na sua força, o Partido a que vale a pena pertencer!
Comemoramos o aniversário do nosso Partido no momento em que o País sente e experimenta justificadamente uma ambivalência de sentimentos. Por um lado, a profunda preocupação e angústia em relação ao desastroso rumo de declínio que segue a vida nacional e, por outro, de esperança e confiança, quando se aproxima a importante batalha eleitoral das legislativas, de que é possível travar o passo a esse rumo a que o País está a ser conduzido.
Preocupação e angústia manifestada pela grande maioria dos portugueses que vêem o seu País confrontado com um persistente declínio económico, com um continuado retrocesso social, o contínuo aprofundamento da dependência do País, em resultado da alienação de importantes e decisivas parcelas da soberania nacional.
Preocupação e angústia porque nunca como agora se tornaram tão evidentes as nefastas consequências de anos consecutivos da política de direita de sucessivos governos do PS, PSD e CDS e de quase três décadas de integração capitalista na União Europeia.
Uma política que conduziu à contínua liquidação do aparelho produtivo e à destruição dos sectores estratégicos com a política de privatizações que afundou o País e o conduziu para uma prolongada situação de estagnação económica, alternada com períodos de recessão, que se prolonga há quase década e meia que colocou o PIB nacional ao nível de há catorze anos atrás, liquidou centenas de milhares de empregos, fez crescer a sufocante dívida externa global (pública e privada), tornando o País cada vez mais dependente, favorecendo a crescente dominação do capital estrangeiro sobre a economia portuguesa e a limitação da soberania e independência nacionais.
Uma política que, no plano social, é responsável pelo avolumar da exploração dos trabalhadores, dos níveis brutais de precariedade das relações laborais, pela degradação dos serviços públicos essenciais ao bem-estar das populações, pelo aumento das desigualdades sociais, mas também regionais que desertificaram uma parte significativa do País.
Anos e anos de uma política dirigida à restauração e consolidação do capitalismo monopolista que debilitou o País e o tornou cada vez mais frágil e que viu ainda mais agravados os seus problemas com os sucessivos programas ditos de “austeridade”, mas, de facto, violentos programas de rapina e de exploração das massas trabalhadoras e empobrecimento geral do povo e do País.
Programas que se iniciaram com os PEC's do governo do PS/Sócrates, prosseguiram com o Pacto de Agressão promovido, negociado e imposto ao País pela troika dos partidos que conduziram o País à crise – o PS, PSD e o CDS!
A grave dimensão dos problemas que com toda a evidência estão hoje presentes na sociedade portuguesa, é bom que se diga e não se esqueça, se são o resultado dos aprofundamentos recentes da política de direita imposta nos programas de exploração e empobrecimento dos PEC's e do Pacto de Agressão, não se podem desligar do que foi a prolongada acção política, orientada para promover uma escandalosa centralização e concentração da riqueza a favor de uns poucos realizada pelos partidos da troika nacional durante anos.
Não! Não foi apenas a crise do capitalismo internacional a causa e mal dos nossos problemas, como o PS quer hoje fazer crer para sacudir a água do capote do seu enfeudamento de sempre à política de restauração monopolista e do seu poder, contra Abril, as suas conquistas e contra os interesses populares, que está longe de querer abandonar. Nem a responsabilidade dos graves problemas que o País enfrenta foi de um só partido, como o PSD e CDS querem a todo custo impingir aos portugueses, para lavarem as mãos das suas responsabilidades na crise, na entrega do País às mãos da ingerência externa e, mais uma vez, utilizando a velha artimanha dos que fazem o mal e a caramunha, se assumirem falsamente como grandes libertadores da pátria!
Afirmam-no com o maior dos descaramentos, mesmo quando o País toma conta, como acabaram de anunciar há dias, que Bruxelas colocou Portugal sob vigilância apertada, ou melhor seria dizer, em prisão domiciliária e acorrentado aos critérios do Tratado Orçamental e da governação económica do directório que dirige a União Europeia em nome dos monopólios. Esse Tratado aprovado pelos mesmos partidos da troika que impõe um só caminho, uma só via, uma só solução política – a que serve ao grande capital económico e financeiro – e que esvazia de poderes os parlamentos nacionais, nomeadamente de poderes orçamentais.
Uma declaração que é acompanhada de novas exigências de tomada de medidas anti-sociais contra o mundo do trabalho, novos cortes em serviços públicos já depauperados, novas exigências para afundar ainda mais a vida dos portugueses, que só não são no imediato concretizadas porque aguardam pela passagem da data das próximas eleições!
A campanha de propaganda que aí está montada, com o governo erigido em comissão eleitoral do PSD e do CDS, mostra bem que querem e vão tentar levar outra vez ao engano os portugueses, como fizeram no passado, quando prometeram e juraram fazer o contrário do que efectivamente fizeram quando se apanharam no governo.
Uma campanha que tem um plano já delineado para apanhar os portugueses outra vez à falsa fé!
Querem meter pelos olhos dentro dos portugueses e à força de muita e gorda mentira que o País regressou à “normalidade” e que “ está a dar volta”!
Nesta campanha para apanhar o País à falsa fé, o descaramento é enorme!
O problema é que a vida está aí, todos os dias, a gritar a realidade dos factos, denunciando as construções falaciosas de um governo sem escrúpulos.
Um governo que há muito devia ter sido demitido, como também há muito defendemos e que todos os dias continua a dar e somar razões a essa exigência. Um governo em confronto com a Constituição, que passou impunemente pelo escândalo dos “vistos gold”. Um governo que manifestamente o povo contesta e não quer. Um governo, cujo Primeiro-ministro por mais que se explique sobre a trapalhada fiscal e contributiva que o envolve não só nada esclarece, como, usando uma expressão popular, «se enterra» cada vez mais. Por mais que fale não afasta a ideia de que há dois pesos e duas medidas.
Mas que volta é essa que o País está a dar, como afirmam, quando o grave problema da sufocante dívida que nos ata de pés e mãos, continua a crescer, apesar do maior aumento de impostos da história sobre o trabalho e da venda ao desbarato do património do País?
Pensam que podem enganar os portugueses com essa operação da “troca de dívida” para antecipar um pagamento ao FMI. Uma gota de água no oceano da dívida. Uma operação calculada e anunciada neste preciso momento não a pensar em ganhos, mas para criar a ilusão de que estamos a pagar a dívida e a resolver este grave problema do País.
Não, não estamos a pagar a dívida, ao contrário, ela é cada vez mais insustentável!
Que volta é essa que o País está a dar quando cada vez mais portugueses são empurrados para a pobreza? Hoje já são mais de dois milhões e setecentos mil os portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza. E ainda agora uma instituição de solidariedade social que cobre todo o País revelava a sua preocupação pelo contínuo crescimento durante 2014 e nestes primeiros meses de 2015 do número de pessoas a quem presta apoio!
Entretanto, esvazia-se o papel da Segurança Social pública na resposta às situações de adversidade no desemprego, na doença, na velhice, na infância, na pobreza extrema, fazendo da vida de centenas de milhares de portugueses um tormento.
É um escândalo ver crescer assim a pobreza e o número de multimilionários a continuar a crescer e a ficarem cada vez mais ricos.
É um escândalo ver cada vez mais portugueses a empobrecer e, entretanto, ver anunciado, por exemplo, que a EDP teve 1048 milhões de euros de lucro, descontada já a sobretaxa de 4%, num tempo de crise em que a economia portuguesa enfrenta dificuldades. Lucros imensos que o povo paga com um novo aumento de electricidade de 3%. É esta a natureza dos monopólios!
Que volta é essa que o País está a dar que não sai do rame-rame do crescimento anémico de décimas, apesar das condições favoráveis para o relançamento económico com a descida significativa do preço do petróleo, a desvalorização do euro e a baixa das taxas de juro, e depois da enorme queda acumulada do PIB de 6,4% nestes anos de Pacto de Agressão?
Paulo Portas, com aquele ar que por vezes põe, de vendedor de “banha da cobra”, repete e repete que Portugal é dos países que mais cresce e que isso se deve às reformas feitas pelo governo! Valia a pena perguntar-lhe, depois do que tem dito sobre a Grécia e de repetir ate à exaustão de que Portugal não é a Grécia - se é também por isso que este país cresce mais que Portugal e que as projecções para o presente ano superam e muito o crescimento previsto para o nosso País!
Com o seu regresso à normalidade e contando que as previsões se confirmavam, o que nunca aconteceu, o PIB nacional só em 2018 chegará aos níveis de 2011! Grande regresso e grande recuperação!
Que regresso à normalidade é esse que anunciam quando o próprio FMI vem dizer que o desemprego só regressará aos níveis do início da crise – 7,5% - em 2025, confirmando o que temos afirmado de que o desemprego veio para ficar por muitos anos em níveis brutais e inaceitáveis a manter-se esta política de desastre e ruína nacional!
Que regresso à normalidade é esse e que volta é essa que estamos a dar quando a emigração não pára de crescer e que levou daqui já mais de 400 mil homens, mulheres e jovens, muitos dos mais bem preparados e qualificados para pôr de pé uma política de desenvolvimento e relançamento do País!
Um drama, cuja dimensão significa o mesmo que ter, de um momento para outro, em três anos, um distrito como o de Coimbra completamente vazio, sem uma única pessoa! Um deserto de fio e pavio!
Que regresso à normalidade é esse quando milhares de portugueses continuam a ter parte do seu salário confiscado por longos anos e os seus direitos usurpados? Que volta é essa que não seja a do voltar para trás nas condições de vida do povo, com redução drástica dos rendimentos do trabalho e das famílias com a degradação brutal dos salários que nos últimos quatro anos representou em média uma quebra de mais de 18%!
A normalidade para este governo de Passos e Portas são as urgências dos hospitais a rebentar pelas costuras, à míngua de recursos humanos e meios técnicos e um Serviço Nacional de Saúde cada vez mais estrangulado nas suas função de garantir o direito à saúde dos portugueses!
A normalidade para este governo é a do caos que provocou nas escolas com a sua política de ataque à escola pública, aos professores e todos os outros profissionais que a servem.
A normalidade está aí na situação e nas dificuldades que a justiça enfrenta e nos obstáculos criados ao seu acesso pelos portugueses.
Está aí no apodrecimento político e na degradação da democracia que esta política e este governo, e os governos que o precederam, alimentaram com as práticas de promiscuidade entre poder económico e político, traduzido na circulação de quadros e altos dirigentes entre os grandes grupos económicos e financeiros e o aparelho de Estado, e entre este os grandes centros financeiros internacionais e as suas organizações supranacionais.
Práticas que alimentaram a proliferação da grande fraude económica e financeira, a grande evasão e fraude fiscal que amiúde se manifestam e vive impunemente!
Não, o País não está a dar a volta. O que este governo quer é dar a volta aos portugueses para levar ainda mais longe a sanha exploradora e destruidora da sua política!
É isso que quer dizer Passos Coelho quando afirma que “isto ainda vai a meio”!
Não tenhamos ilusões, a prosseguir este governo de Passos e Portas, a manter-se esta política das troikas sem troika, pelas mãos do PSD e do CDS ou por outras que as tomem no essencial como suas, como vemos o PS, os portugueses só podem esperar o pior!
Só podem esperar mais ataques às reformas e às pensões como já o explicitaram e agora calaram. Mais ataques aos salários. Mais ataques à segurança social, à saúde e à educação que escondem na dita Reforma do Estado que desejam retomar, retirada a máscara do disfarce eleitoral, como já anunciou Paulo Portas. Mais ataques à legislação laboral prometida pela Ministra das Finanças ao directório europeu, particularmente à Alemanha a quem venera. Mais venda do País ao desbarato.
Se este governo pudesse continuar, os portugueses veriam traduzida de forma dramática nas suas vidas os seus objectivos e planos escondidos. Que ninguém tenha dúvidas, eleições feitas, votos arrecadados e lá voltaria o argumento que já preparam e já indiciaram que com o aumento da dívida é preciso mais e novos sacrifícios!
Os portugueses precisam de pôr fim a uma política assente na mentira e no saque ao povo e ao País!
Hoje, mais do que em qualquer outro momento, coloca-se a urgência e actualidade da ruptura e da concretização de uma política que liberte o País simultaneamente da submissão externa e do domínio do capital monopolista.
Por isso, a luta dos trabalhadores e do nosso povo é tão importante visando a denúncia desta política e deste governo e a sua derrota definitiva.
Foi a luta até hoje travada que permitiu o isolamento do governo e que hoje permite encarar com confiança o futuro.
Amanhã por todo País, os trabalhadores, os reformados, os jovens, as mulheres, as mais diversas camadas do nosso povo estarão por todo o País em luta na grande jornada da CGTP-IN, e outras estão em desenvolvimento, porque a luta não vai parar!
Daqui saudamos as lutas desenvolvidas e apelamos à participação nas acções previstas, nomeadamente, às comemorações do 25 de Abril e à grande jornada do 1º de Maio. É pela luta e com a luta de massas que se pode garantir a recuperação das condições de vida e direitos extorquidos aos trabalhadores e assegurar a necessária viragem na vida nacional que corresponda às mais sentidas aspirações de desenvolvimento e progresso dos portugueses.
As eleições legislativas deste ano constituem um momento da maior importância. Elas são uma oportunidade para dar expressão e continuidade à luta pela inadiável ruptura com a política de direita.
Uma batalha onde precisamos de fazer confluir, com o voto e o apoio à CDU, a corrente de luta contra a política que arrastou o País para a actual situação, de dar sentido e expressão coerente e consequente ao protesto e à resistência em defesa de direitos.
Mas uma batalha, também, de onde sairemos em melhores condições e mais próximos de construir a política alternativa e de lutar pela alternativa política, quanto maior for a influência eleitoral da CDU, quanto maior o número de deputados eleitos.
Temos pela frente a construção de uma campanha eleitoral baseada numa mobilização confiante, na acção de esclarecimento directo que permita dar a conhecer as soluções para o País, que vença resignações e conformismos.
Uma campanha que combata as novas e velhas ilusões, daqueles que mais não visam do que perpetuar a mesma política que nos conduziu até aqui e esbater a verdadeira alternativa.
Daqueles como o PS, PSD e CDS que querem continuar a impor ao País os instrumentos que afundaram e afundam Portugal e a vida do povo, da moeda única ao Tratado Orçamental, da governação económica à União Bancária, eternizando o mesmo rumo e a mesma política impostos pelos PEC's e pelo Pacto de Agressão.
Uma campanha que ponha a nu as falsas saídas, dos que falando em mudança, como o PS, querem manter tudo igual, seja pelas chamadas leituras inteligentes ou pela flexibilização dos instrumentos de dominação da integração capitalista europeia.
Uma campanha que afirme com confiança que é possível um outro caminho e uma outra política. Que há soluções e respostas para os problemas nacionais. Que há alternativa à submissão e à dependência.
Uma política dirigida à solução dos graves bloqueios que são factores de atraso e degradação da situação nacional: os níveis brutais da dívida pública e da dívida externa, a integração monetária no euro e a dominação financeira da banca privada.
Três grandes constrangimentos na superação dos quais a política patriótica e de esquerda se apresenta com soluções concretas. Soluções não apenas justas, mas exequíveis e viáveis e que passam, em síntese, por uma solução integrada de renegociação da dívida, estudo e preparação do País para se libertar da submissão ao euro e ainda a recuperação do controlo público da banca colocando-a ao serviço do País e dos portugueses.
Soluções que são um contributo fundamental para a recuperação por Portugal dos instrumentos essenciais que assegurem a sua soberania económica, orçamental, cambial e monetária.
Sim, há uma política alternativa, patriótica e de esquerda, capaz de responder aos problemas do País e às aspirações dos trabalhadores e do povo.
Uma política baseada: na promoção e valorização da produção nacional e na criação de emprego; na recuperação para o controlo público de sectores e empresas estratégicas, designadamente do sector financeiro; na valorização dos salários, pensões e rendimentos dos trabalhadores e do povo; na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, designadamente dos direitos à educação, à saúde e à protecção social; numa política fiscal que desagrave a carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas e tribute fortemente os rendimentos e o património do grande capital, os seus lucros e a especulação financeira; na rejeição da submissão às imposições do Euro e da União Europeia, recuperando para o País a sua soberania, económica, orçamental e monetária.
Fazer emergir uma alternativa política, patriótica e de esquerda, constitui imperativo nacional.
É na concretização dessa alternativa que o PCP está genuinamente empenhado.
A política patriótica e de esquerda de que Portugal precisa não depende apenas do PCP, mas não é concretizável sem o PCP!
Está nas mãos dos trabalhadores e do povo dar expressão, com o seu apoio ao PCP, à construção dessa política alternativa.
Sim, é dando mais força ao PCP e à CDU, alargando a sua influência política e eleitoral que a construção da alternativa e a concretização da política alternativa ficará mais próxima.
Aqui estamos afirmando-nos prontos para assumir todas as responsabilidades que o povo nos queira atribuir, na efectivação e condução de uma política patriótica e de esquerda.
Aqui está este Partido que, com toda a confiança e que muito justamente, se apresenta perante o povo português como o Partido:
- da soberania e da independência nacionais, que afirma o direito do povo português a decidir sobre o seu futuro;
- da unidade e convergência democráticas dos que querem intervir e contribuir para uma ruptura com a política de direita e disponível para o diálogo e acção no quadro do respeito mútuo;
- que assume e apresenta um percurso de verdade, de reconhecido respeito pela palavra dada, de honestidade, trabalho e competência, a que a vida deu e dá razão;
- do combate à política de direita, de intervenção e luta em defesa dos trabalhadores e do povo, que marcou presença em todos os momentos em que foi preciso afirmar direitos, combater injustiças, defender emprego;
- da política alternativa vinculada aos valores de Abril;
- da única e verdadeira opção que não faltará em nenhum momento a uma política patriótica e de esquerda.
São grandes e exigentes as tarefas que a actual situação coloca ao PCP. A este Partido necessário e indispensável para mudar o rumo do País. Partido necessário e indispensável que se impõe reforçar, porque do seu reforço não só dependerá a garantia da defesa dos interesses dos trabalhadores e dos interesses populares, mas o êxito da tarefa da construção em Portugal de uma alternativa política e de uma política ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.
Num momento tão difícil na vida do nosso povo, esse reforço a todos os níveis é vital para conduzir a luta que se impõe em todas as frentes. Na frente do trabalho unitário e no desenvolvimento da luta e das organizações e movimentos de massas. Na intensificação da intervenção política do Partido visando a derrota do governo e da política de direita. Na preparação e realização das eleições legislativas. Mas igualmente na impreterível acção de reforço da organização do Partido, concretizando as orientações do XIX Congresso expressas na acção de reforço do partido “Mais organização, mais intervenção, maior influência – um PCP mais forte”.
Reforço que significa o recrutamento de novos militantes concretizando a campanha de adesão ao Partido “Os Valores de Abril no futuro de Portugal”. A luta precisa de mais militantes dedicados à causa dos trabalhadores e do povo. Muitos têm sido aqueles que têm vindo tomando partido neste combate sem tréguas que travamos contra a exploração, as injustiças e pela construção de uma sociedade nova. Muitos mais são precisos!
Reforço que se traduz na acção de contacto com os membros do Partido para a elevação da militância, entrega do novo cartão e actualização de dados.
Reforço que exige o aumento da capacidade de direcção, para dar mais força à luta de massas, à intervenção política, estruturar a organização e melhorar o seu funcionamento em várias áreas dando prioridade à organização e intervenção do Partido junto da classe operária e dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho.
Reforço que exige a defesa e afirmação da independência financeira do Partido. Necessidade reforçada com a decisão que tomámos de juntar à Quinta da Atalaia o espaço da Quinta do Cabo, criando condições para a realização de uma maior e melhor Festa do Avante!.
Permitam-me, neste momento de comemoração, que saúde particularmente as mulheres portuguesas e lembrar, agora que se comemora o centenário do Dia Internacional da Mulher no próximo dia 8, o papel das mulheres comunistas e deste Partido na luta de décadas pela igualdade no trabalho, na lei e na vida, e declarando o nosso apoio às suas iniciativas, acção e luta de combate às desigualdades, à defesa da sua dignidade e das suas causas que são de todos nós!
Temos um Partido como nenhum outro, com uma história, força, valores e projecto sem igual, que agirá sejam quais forem as circunstâncias.
Um Partido com uma intervenção notável que se reforça no seio dos trabalhadores e do povo. Um Partido que está firme no seu ideal, que não abandona os seus princípios, que assenta a sua intervenção e acção na sua ideologia – o marxismo-leninismo.
Um Partido que afirma e reafirma a sua natureza e identidade comunista na concretização de uma política patriótica e de esquerda, em ruptura com a política de direita, por uma democracia avançada, por uma sociedade nova, liberta da exploração e da opressão - o socialismo e o comunismo.
Num tempo em que o poder dominante e a ideologia dominante procuram quebrar a resistência e a esperança, aumentar a exploração e as injustiças, retirar ao povo o seu direito inalienável de ser o actor colectivo na construção de um futuro melhor da sua pátria soberana, nós reafirmamos que sim, é possível vencer e construir um Portugal com futuro!