Este relatório tem a virtude de chamar a atenção para os hediondos e irrefutáveis factos de que a CIA utilizou o território de vários países da UE para o transporte de pessoas que, sem qualquer acusação judicial ou mandato de captura, eram transportadas para Guantanamo e para diversos países onde eram torturados e mesmo assassinados.
Estes factos continuam blindados por uma teia de silêncios e cumplicidades que envolvem em acordos bilaterais e multilaterais o Conselho, Estados-Membros, os EUA, a NATO e a CIA na detenção ilegal e arbitrária, a tortura, os maus-tratos e o desaparecimento forçado de centenas de pessoas a reboque de uma suposta luta contra o terrorismo.
Valorizando o presente relatório, não partilhamos a perspectiva federalista que o enforma, procurando colocar o Conselho como juiz dos Estados-Membros, ou envolvendo a Comissão Europeia na garantia da "responsabilização pelas violações de direitos humanos cometidas ao abrigo do programa da CIA". Nem partilhamos da abordagem não crítica da NATO e do seu papel enquanto organização cuja história demonstra as suas ligações ao terrorismo, nomeadamente ao terrorismo de Estado.
Pela nossa parte, desde 2005 que temos vindo a alertar e a exigir explicações do governo português sobre esta matéria. Este é o caminho que continuaremos a trilhar.