Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República, Reunião Plenária

A tragédia na Palestina tem 75 anos e tem de parar através do respeito pela Paz e pelos direitos humanos

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Senhor Presidente

Senhoras e Senhores Deputados,

Senhor Deputado Alexandre Poço,

 

A nossa primeira palavra é de profundo pesar pelas vítimas desta tragédia. A perda de vidas humanas, os milhares de civis mortos, feridos ou estropiados, as populações deslocadas e desalojadas, merecem a nossa solidariedade – e acima de tudo merecem respeito.

O que está a acontecer perante os nossos olhos, e que enquanto falamos se torna cada vez mais grave, exige uma resposta da nossa parte que não sejam insultos e acusações – ou, pior ainda, o apelo a mais massacres e mais mortes! A nossa responsabilidade enquanto país deve ser a de contribuir para que esta tragédia tenha um ponto final, para que acabe esta escalada de guerra.

O PCP sempre se distanciou de ações de violência que visam as populações e que não servem a causa do povo palestiniano. Sempre condenámos a violência sobre civis. Sobre esta questão importa não esquecer que Israel tem muitas contas a prestar na sua prática de ocupação, violência e guerra, como é visível nos últimos dias.

Podíamos perguntar ao Sr. Deputado onde é que estava há três meses, quando o campo de refugiados de Jenin foi bombardeado e invadido; ou há seis meses (e há um ano, e há quinze anos), quando a Faixa de Gaza foi bombardeada outra vez e outra vez. Ou o ano passado, quando a ONU registou o maior número de sempre, de palestinianos mortos na Cisjordânia pelas forças de ocupação israelitas. Ou ainda perante os assassinatos cometidos pelo exército de ocupação ou por grupos colonos, que até hoje continuam impunes. Nas prisões de Israel estão crianças palestinianas, mas não estão ainda hoje os assassinos da jornalista Shireen Abu Akleh.

Mas Sr. Deputado, esta tragédia na verdade tem 75 anos: dura há demasiado tempo – e tem de parar! Mas não vai parar enquanto continuar a negação dos direitos do povo palestiniano (o direito à vida, à liberdade, à dignidade), enquanto continuar a violação do direito internacional por parte de Israel, enquanto continuar a ocupação e colonização ilegal da Palestina.

A pergunta é muito concreta: considera que é possível haver Paz sem uma solução política, que garanta a concretização do direito do povo palestiniano a um estado soberano e independente, e que aplique as resoluções das Nações Unidas destas dezenas de anos? É com mais violência e terrorismo de estado – ou é com o fim da ocupação – que se consegue a Paz?

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