Intervenção de João Frazão, membro da Comissão Política do Comité Central, Encontro Nacional do PCP sobre eleições e a acção do Partido

Tomando a iniciativa, reforçando o Partido e a JCP, estamos em condições de responder às novas exigências

Tomando a iniciativa, reforçando o Partido e a JCP, estamos em condições de responder às novas exigências

Aqui nos encontramos, no Encontro Nacional do PCP sobre Eleições e a acção do Partido “É hora. Mais força à CDU”, a 22 dias das eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, a 8 semanas das Eleições para a Assembleia da República, a 5 meses das eleições para o Parlamento Europeu.

Como é que chegámos aqui? Nos Açores, foram os amuos entre os parceiros do arranjinho de ocasião e, no País, foram as diligências judiciais, os responsáveis pela demissão dos respectivos Governos e a convocação de eleições antecipadas?

Não. Isso foram apenas os pretextos.

O que foi determinante foi a ausência de respostas aos problemas que se avolumam. Aos salários que não chegam ao fim do mês, à habitação que está cada vez mais cara, ao médico que falta e à consulta que é adiada, à disciplina a que ainda não se teve uma aula sequer, à pobreza que tem expressões grotescas, à produção e ao emprego que se destruiu, às potencialidades desperdiçadas, aos jovens que são obrigados a procurar vida em outros países.

Foram as opções concretas, do PS no País, e do arranjo de direita nos Açores, que enfernizam a vida de quem trabalha para abrir as avenidas do lucro e da concentração da riqueza aos grupos económicos, que amarraram Portugal às evidentes dificuldades em que se encontra, e para a qual uns e outros apresentam como resposta o número de mágica do “agora é que vai ser”, do “votem em nós, que faremos o contrário do que defendemos, votámos e fizemos nas ultimas décadas”. 

Foi a convergência, de facto, de PS, PSD, CDS, Chega e IL, no que toca aos fundos interesses do grande capital, que não pode ser iludida por vozearias estéreis, foi essa convergência, quando costuravam ataques aos direitos dos trabalhadores, quando alinhavavam privatizações e saque ao erário público, quando rasgavam nos serviços públicos, e lá, na União Europeia, quando cozinham os espartilhos que impedem o nosso livre desenvolvimento.

Mas foi particularmente a luta de massas, com a luta dos trabalhadores em destaque, que denunciou os efeitos dessa política, reivindicou soluções para a vida de todos, pôs o Governo em cheque e lhe cortou o caminho.  

Aqui chegados, este ciclo eleitoral apresenta-se como uma importante oportunidade para mudar de vida e não apenas de protagonistas. 

14 Primeiros Ministros, centenas de ministros, e mais tantos Secretários de Estado diferentes, que diferença fizeram? Vieram uns, cortaram nos direitos, vieram os outros, mantiveram os cortes. Uns contiveram os salários e pensões, os outros assobiaram para o lado e não valorizaram o seu poder de compra. Uns criaram as PPP, os outros não as eliminaram. Uns degradaram os serviços públicos, outros mantiveram a situação. Uns e outros pediram maiorias para terem estabilidade e quando as tiveram serviram aos portugueses a instabilidade nas suas vidas.

O que está em causa, em cada uma destas eleições, é a possibilidade de, dando mais força ao PCP e à CDU, mudar de política, romper com décadas de política de direita, abrir caminho à política alternativa com soluções e respostas para os problemas dos trabalhadores, do povo e do País. 

Três verdades se apresentam perante cada um de nós. 

A primeira é que se as eleições são essa oportunidade, a mudança de política é não apenas uma necessidade, mas uma emergência. O País não aguenta mais o rumo de injustiças e empobrecimento a que foi condenado por décadas de política de direita. É hora. É mesmo hora de mudar de política.

A segunda é que essa mudança de política só está garantida dando mais força ao PCP e à CDU, verdade tão cristalina quanto cada um sabe que sempre que o PCP tem mais força, sempre que tem mais deputados e eles pesam mais, a sua vida melhora, os seus direitos e salários são valorizados.

A terceira é a de que, na batalha imensa que temos pela frente, para alcançar esta mudança de rumo, só podemos contar com as nossas próprias capacidades e essa é uma boa notícia, porque se assim é, o que se trata, o que temos hoje aqui de fixar, é como vamos activar todas as nossas forças, como vamos pôr o Partido e aqueles que connosco trabalham a ganhar mais apoios, mais votos, mais eleitos.

Estamos já numa grande campanha de massas, de contacto e esclarecimento, que vamos intensificar nas próximas semanas, a partir das medidas que tomámos de reforço do Partido e das que vamos ainda tomar, recrutando, responsabilizando camaradas, fazendo funcionar células e outros organismos, acentuando a ligação  do Partido às  massas.

O que precisamos é de mais vozes, candidatos, activistas, apoiantes, dirigentes sindicais e de outras organizações de massas, eleitos, jovens, mulheres, reformados, para responder às perguntas que estão na cabeça de cada um. Para falar, para ouvir, para esclarecer, para aprender.

O que precisamos é de sair deste Encontro Nacional munidos das ferramentas para levar a cada lar essa confiança de que é mesmo possível uma vida melhor.

Que é possível derrotar os projectos reaccionários, os antigos e os seus sucedâneos, que mostram bem ao que vêm, quando defendem, já sem vergonha, o grande capital que os sustenta, e salivam de saudades dos tempos da troika e dos tachos que tinham na altura.

Que é possível não ceder às ilusões dos que anunciam a intenção de fazer no futuro a política de esquerda que podiam ter feito até aqui, porque tinham a maioria e os meios para isso e, pelo contrário, não só não tomaram a iniciativa de o fazer como chumbaram as nossas propostas nesse sentido.

O que precisamos é de garantir que cada um dos eleitores perceba que as eleições não são um jogo para ver quem corta a meta primeiro, mas que o seu voto conta nas contas de todos os dias. 

Que cada conversa, cada esclarecimento ponha pelo menos cada um a pensar no seguinte:

- quando os trabalhadores, em qualquer empresa ou serviço, quando os jovens, quando os pensionistas, quando os utentes de um centro de saúde, precisaram de apoio, quem lá esteve?

- quando, na Assembleia da República, estiveram em debate os direitos à habitação, à saúde, à educação, à cultura, ao desporto, os salários e as pensões, em que lado da barricada estavam o PCP e o PEV?

- quando, no Parlamento Europeu, estiveram em causa os interesses e a soberania nacionais, quem os defendeu e, pelo contrário, quem se submeteu aos ditames do directório das grandes potências?

Cada deputado mais do PCP e do PEV é sempre um deputado a menos a favor do grande capital, cada voto na CDU é sempre força que se soma a esta força de Palavra, Dignidade e  Confiança. 

Força de palavra, que diz o que faz e faz o que diz, que não tem duas caras, que se coloca sempre do mesmo lado, dos explorados, dos oprimidos, daqueles que sofrem.

Força de dignidade, de quem tem a folha limpa, porque nem depende, nem defende os poderosos, os 5% que detém quase 50% da riqueza nacional, os que sacam milhões e milhões de euros todos os dias.

Força de confiança de quem tem um notável trabalho de defesa dos interesses dos trabalhadores do povo, de quem apresenta as propostas para responder aos problemas nacionais, de quem está aqui para crescer em votos e em deputados eleitos.

Mas também, força de Abril, que se apresenta de cara levantada ao povo português, porque esteve sempre do lado certo da vida e da luta, da liberdade, do progresso e da paz.

Temos pela frente batalhas tão trabalhosas quanto empolgantes. Como afirmámos na Conferência Nacional, tomando a iniciativa, reforçando o Partido e a JCP, estamos em condições de responder às novas exigências.

Viva o Encontro Nacional do PCP

Viva a CDU!
VIVA A JCP! 
VIVA O PCP!

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