Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

Sobre os resultados das Eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

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Realizaram-se hoje as eleições antecipadas para Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, no seguimento da sua dissolução por desentendimentos entre o PSD, CDS e PPM, que formavam o Governo, e IL e Chega, que no conjunto constituíam a maioria dos deputados.

O resultado obtido pela CDU representou uma pequena evolução do número de votos e a aproximação à eleição do deputado, que tal como há quatro anos não se verificou, desta vez por uma margem de apenas 85 votos. É um resultado aquém do necessário para influenciar directamente a correlação de forças na Assembleia Legislativa Regional.

Neste resultado pesaram o silenciamento e a discriminação de que a CDU foi alvo.

Pesou a dinâmica de bipolarização artificial, particularmente na fase final da campanha, entre o PS e o PSD, para iludir o facto de ao longo das últimas quatro décadas em que se alternam no poder na Região não se verem diferenças de fundo.

Uma bipolarização forçada, assente no objectivo de PS e PSD alcançarem uma maioria absoluta, desta vez usando e agitando o Chega e o chamado risco da ingovernabilidade como instrumento para desvalorizar opções e caminhos verdadeiramente alternativos, para manterem uma política contrária aos interesses dos trabalhadores e do povo.

Este resultado não desvaloriza o trabalho desenvolvido pela CDU ao longo dos últimos quatro anos junto dos trabalhadores e do povo açoriano, defendendo os seus interesses e direitos por melhores salários, reformas e condições de vida, um trabalho que é exemplo de dedicação, que conta e contará sempre para esse objectivo de justiça e progresso social.

Este resultado não é bom para os Açores e para os açorianos.

A ausência de deputados da CDU na Assembleia Legislativa Regional dos Açores evidenciará que a CDU faz falta na vida política da Região e particularmente para a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.

Mas que não haja dúvidas, é com a CDU, com o PCP e o PEV, que os trabalhadores e o povo contarão no futuro, fora do Parlamento, é certo, mas na acção de todos os dias, tomando a iniciativa e desenvolvendo a luta pela vida melhor a que aspiram e têm direito.

O resultado eleitoral representa um governo da coligação de direita liderado pelo PSD, seja qual for a expressão da base eleitoral que arranjos subsequentes venham a desenhar, significa um programa de governo de continuação das opções e prática anti-populares que ao longo dos últimos quatro anos os partidos da coligação de direita, com o apoio activo do Chega e IL, impuseram à região.

Envio uma saudação aos candidatos, a todos os activistas da CDU, do PCP, do PEV e a muitos sem filiação partidária, que desenvolveram uma campanha de esclarecimento e mobilização, em condições muito desproporcionais, mas assente no contacto directo para ouvir e informar, no conhecimento dos problemas e aspirações, na afirmação de soluções e de um caminho alternativo.

Saúdo todos os que deram o seu apoio e o seu voto, muitos deles pela primeira vez, dizendo-lhes que a CDU honrará os seus compromissos e que o seu voto será, como sempre, respeitado e dará força à luta que continua.

Amanhã, nos Açores, em cada uma das suas nove ilhas, a acção da CDU prosseguirá, com o significado de uma força política que honra a palavra dada, afirma e defende a dignidade, traduz e promove a confiança, no caminho que nunca está fechado para uma vida melhor e uma sociedade mais justa.

 

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