Na sequência de anteriores tomadas de posição, o PCP expressa a sua preocupação pelas consequências da postura de afronta e de ingerência do Governo português contra a República Bolivariana da Venezuela, o povo venezuelano e as legítimas autoridades daquele País.
Uma irresponsável postura do Governo português que está na origem do recente agravamento das relações de Portugal com a Venezuela e, em particular, dos prejuízos causados à comunidade de origem portuguesa radicada naquele País latino-americano, nomeadamente em resultado da suspensão temporária dos voos da TAP.
O PCP considera necessário o apuramento dos factos e das circunstâncias que rodearam a inusitada passagem de Juan Guaidó, e seus acompanhantes, por Lisboa e a utilização da TAP – a companhia aérea nacional –, para o seu retorno à Venezuela, após um périplo pelos EUA, Colômbia e países na União Europeia em busca dos apoios que lhe faltam no País para a sua acção golpista e anti-democrática.
A postura desrespeitosa do Governo português para com a soberania da República Bolivariana da Venezuela e o povo venezuelano é contrária aos interesses nacionais, do povo português e, em especial, da comunidade de origem portuguesa na Venezuela.
Portugal não deve servir, como se verificou noutras ocasiões – na “cimeira das Lages” para a guerra de agressão ao Iraque ou, mais recentemente, no encontro de Mike Pompeu e Benjamin Netanyahu para articular nova escalada de agressão contra o povo palestiniano –, como plataforma de conspiração e agressão imperialista contra outros povos.
Ao mesmo tempo, o PCP sublinha a urgente necessidade de, em conformidade com a Constituição da República e a Carta das Nações Unidas, Portugal se libertar de uma vergonhosa política externa de submissão.
O lamentável episódio envolvendo a passagem por Lisboa do fantoche do imperialismo norte-americano tem graves antecedentes. Ingerindo-se abertamente nos assuntos internos de um País soberano, o Governo português não se limitou a contestar a legitimidade do Presidente da Venezuela; tomou posição activa de apoio ao “auto-proclamado presidente”, colocando-se desde o primeiro momento na primeira linha da operação de ingerência e agressão da Administração Trump visando derrubar o legítimo Governo bolivariano. O seu apoio à operação derrotada de 23 de Fevereiro de 2019, a vergonhosa campanha de desinformação conduzida ao longo de todo o ano pelo canal público do Estado – a RTP –, o seu silêncio face ao feroz bloqueio económico e financeiro imposto pelos EUA, a complacência com o roubo por Bancos com capital do Estado português de activos pertencentes à Venezuela, são exemplos bem elucidativos das responsabilidades do Governo português na deterioração das relações entre os dois países, com grave prejuízo para o povo venezuelano e para a comunidade portuguesa na Venezuela.
Esta é a questão de fundo que não pode ser escamoteada.
O PCP continuará a intervir no sentido da normalização das relações de Portugal com a República Bolivariana da Venezuela – em prol do interesse de ambos os povos, logo da comunidade portuguesa naquele País –, na base do respeito pela soberania e independência nacional e pelos ideais da paz, da cooperação e da amizade. O direito do povo venezuelano, como de todos os povos do mundo, de decidir do seu próprio destino sem ingerências externas deve ser respeitado.