1. Após as eleições de 2015, com a derrota do Governo PSD/CDS, foi possível travar a privatização do Metropolitano de Lisboa (tal como da Carris e dos STCP), repor direitos aos trabalhadores do Metro e travar a profunda degradação desta infraestrutura que é estruturante para a mobilidade das populações na Área Metropolitana de Lisboa. No entanto, o Governo minoritário do PS não rompeu com opções da política de direita e convergiu com PSD e CDS na falta de resposta aos muitos problemas que se colocam no funcionamento do Metro, não contratando os trabalhadores necessários, não investindo na infraestrutura e na manutenção e renovação de frotas, não modernizando a capacidade de resposta.
2. A solução anunciada pelo Governo do PS, juntamente com a Câmara Municipal de Lisboa, de expansão da rede do Metropolitano de Lisboa não serve os interesses nem da cidade, nem da Área Metropolitana de Lisboa.
A opção pela designada «Linha Circular» unindo a Linha Amarela e a Linha Verde no Campo Grande e no Cais Sodré, com duas novas estações em Santos e Estrela, com custo superior a 200 milhões de euros, desconsidera e abandona o inadiável investimento, esse sim prioritário, para o Metro até à Zona Ocidental de Lisboa e até Loures. Com a agravante de que a errada opção agora assumida implicará no futuro a sua correcção com o dispêndio desnecessário de recursos para o povo português.
3. Bem pode o Governo falar da necessidade de construir consensos. A verdade é que esta opção foi imposta pelo PS (apoiado pelo BE na CML, onde o seu voto podia ter sido decisivo para outra solução) ao arrepio do que resultou da consulta pública e da opinião alargada de técnicos.
A opção anunciada é contrária aos interesses da população da cidade e da Área Metropolitana de Lisboa, em particular da Margem Norte. Contra a população de Telheiras, prejudicada com o fim da sua ligação directa à Linha Verde. Contra a população de Odivelas, do Lumiar, da Ameixoeira, da Charneca, prejudicadas com o fim da sua ligação à Linha Amarela. Contra a população de Loures, que vê comprometida a expansão ao seu concelho. Contra a população de Alcântara, da Ajuda, de Belém, prejudicadas com o adiamento sine die da expansão para a Zona Ocidental da Cidade.
Falaram mais alto os interesses especulativos e a perspectiva da valorização de um conjunto de projectos imobiliários na zona das novas estações. Falou mais alto a visão de uma capital do País submetida à monoactividade do turismo.
4 - O PCP apela a que não haja qualquer resignação com a tentativa de imposição de um projecto que dá corpo a uma opção errada e que deve ser travado. Para promover o esclarecimento e a luta das populações, o PCP realizará, na Cidade de Lisboa, no dia 7 de Fevereiro, uma grande Audição Pública sobre o projecto da Linha Circular, antecedida de uma ampla campanha de mobilização e agitação.