O processo de desindustrialização em Portugal, embora acompanhando o mesmo processo na UE, tem contudo uma abrangência e um ritmo que o distinguem negativamente da média europeia.
Os responsáveis por este processo, são, em clara concertação estratégica: os sucessivos governos, os grupos económicos portugueses e o grande capital estrangeiro
A propaganda que ouvimos em torno da reindustrialização, choca de frente com a realidade.
Falam de reindustrialização mas encerraram a refinaria de Matosinhos, num crime económico sem perdão.
Falam de soberania industrial, mas entregaram a EFACEC a um fundo alemão, depois de lá terem injectado mais de 500 milhões de euros de recursos públicos.
Anunciam a transição energética, mas desconsideram os impactos de opções que estão a agravar os preços da energia e a pôr em causa empresas e sectores.
Na verdade, no centro das opções, quer dos governos PS, quer dos governos PSD/CDS, não está o aproveitamento das capacidades produtivas do País.
A indústria tem sido esquecida, sujeita a um processo de privatizações que empobreceu sem qualquer substituto relevante e equivalente o perfil da produção industrial.
O facto do País ter deixado de produzir comboios há mais de 20 anos, depois da privatização da Sorefame, quando tanta falta fazem, é bem um exemplo revelador.
Na verdade, o País tem uma espécie de política industrial que se resume à distribuição de cheques e de benefícios fiscais às grandes empresas e multinacionais estrangeiras.
A política de direita entregou ao mercado (ou seja ao grande capital), o que o mercado nunca fará: o ordenamento e desenvolvimento do tecido industrial de acordo com os recursos, potencialidades e necessidades do país.
Mas existem hoje acrescidas preocupações.
Submetido às imposições da UE, Portugal corre o risco de, em nome da dita industrialização da Europa, recuar ainda mais.
É ver o chamado relatório Draghi para perceber que a prioridade aos chamados campeões europeus, pode acentuar ainda mais uma injusta divisão europeia do trabalho industrial.
É ver como a guerra comercial contra a China, poderá afectar e muito, sectores em Portugal como já está a acontecer na produção de tintas.
É ver como as opções de política energética, desligadas das necessidades do país, podem agravar ainda maisos défices estruturais do País.
É olhar para a evolução no sector automóvel, e perceber a chantagem que já estão a fazer sobre os trabalhadores, apesar dos lucros colossais das multinacionais.
Portugal precisa de uma política industrial soberana
É preciso aumentar do protagonismo do Estado na esfera produtiva.
É preciso valorizar cadeias produtivas com o aproveitamento dos recursos nacionais e a sua valorização interna.
É preciso reforçar as indústrias básicas, em vez das desvalorizar.
E é preciso avançar em novos segmentos, investindo significativamente na capacidade nacional de investigação e desenvolvimento.
Outra política industrial, só será possível no quadro de uma outra política geral, uma política que valorize os trabalhadores, apoie as micro, pequenas e médias unidades económicas, promova a substituição de importações por produção nacional.
Outra política que favoreça o investimento produtivo e com ele a revitalização do aparelho produtivo nacional.
Outra política em ruptura com a financeirização da economia, a injustiça fiscal, a promoção das actividades e operações especulativas.
E uma outra política que enfrente as imposições União Europeia pensadas para favorecer as multinacionais e as grandes potencias.
Portugal pode e deve produzir mais, criar mais riqueza e emprego, pode e deve desenvolver a indústria, mas para isso também é preciso dar mais força ao PCP e intensificar a luta dos trabalhadores e do Povo.
Viva o XXII Congresso do PCP!
Viva a JCP!
Viva o PCP!