Camaradas,
Realizamos o XXII Congresso do nosso Partido, neste tempo histórico cuja exigência eleva a responsabilidade que assumimos.
Que grande honra é pertencer a este nosso Partido. Olhando para mais de um século de luta, olhando para os últimos anos desde o XXI Congresso, é impressionante o que o nosso Partido enfrentou, o que fez, ao que resistiu e sempre num combate pelo futuro, apontando com determinação e confiança as soluções, o seu ideal e projecto. E aqui estamos a prosseguir, a relançar deste congresso a nossa luta. Novas energias, novos militantes, novos quadros, que se acrescentam a todos os outros, porque todos são necessários e todos estão convocados na luta que continua, essa luta exaltante pelos direitos e a melhoria das condições de vida, pela alternativa patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, pela superação revolucionária do capitalismo pelo socialismo.
Somos o Partido que os trabalhadores, o povo e o País precisam.
Somos o Partido Comunista Português.
O Partido com a identidade comunista que assume, com uma coragem sem limites, uma iniciativa que se afirma e um reforço que se impõe.
Somos um Partido que se diferencia de todos os outros, com uma identidade própria que se reafirma, que emerge acima das cortinas de fumo da conjuntura, que nos define e orienta o nosso caminho, face aos obstáculos e contratempos que nos colocam os promotores e agentes da exploração, da guerra, da predação dos recursos.
Sim, somos o Partido Comunista Português, o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, o Partido independente da influência, dos interesses, da ideologia e da política das forças do capital.
O Partido que tem como objectivo uma sociedade nova, o socialismo e o comunismo, uma sociedade liberta da exploração e da opressão.
O Partido que tem uma base teórica, o marxismo-leninismo, concepção materialista e dialéctica do mundo, instrumento de análise, guia para a acção, ideologia crítica e transformadora.
O Partido que tem princípios de funcionamento decorrentes do desenvolvimento criativo do centralismo democrático, assentes numa profunda democracia interna, numa única orientação geral e numa única direcção central.
O Partido que é patriótico e internacionalista.
Somos o Partido que não se intimidou e não se intimida. Um Partido com coragem política, ideológica e de intervenção. Uma coragem colectiva, a partir da sua identidade, da sua organização e dos seus objectivos. Uma coragem que se traduz na acção de milhares e milhares de membros do Partido, na sua militância e na sua iniciativa. Uma coragem que é exemplo e compromisso indispensável para a acção futura. Uma coragem que é garantia para os trabalhadores, o povo, os democratas e patriotas, e que, também por isso, é necessário que dêem mais apoio e mais força ao PCP.
Somos um Partido que toma a iniciativa, que assumindo a seu papel de vanguarda sabe que é a força organizada, a unidade e a luta dos trabalhadores e das massas populares, que determina a situação e a sua evolução, as rupturas, as transformações sociais e políticas, e por isso tudo faz para elevar a consciência de classe e política dos trabalhadores, para reforçar as organizações unitárias de massas. Que toma a iniciativa, responde às novas exigências que se colocam a todos os níveis em torno de problemas duradouros e de novas situações, que sente o pulsar dos acontecimentos, da vida e das condições de vida, dos descontentamentos, das angústias, aspirações e reivindicações e lhes dá sequência na intervenção de massas, na acção em unidade com aqueles que tal como os comunistas têm essas preocupações e na iniciativa e intervenção directa do Partido. Que toma a iniciativa em todas as frentes, em cada organização sobre os problemas dos trabalhadores, das populações, de sectores e camadas sociais específicas sobre os problemas locais, iniciativa geral, iniciativa que traduz na acção institucional, nomeadamente na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, na proposta e soluções, mas também na construção e realização de que é expressão mais visível o trabalho e a obra no poder local.
Somos um Partido que conta com as suas próprias forças, que as valoriza e que precisa de ser mais forte. Um Partido de massas que trabalha para o recrutamento de novos militantes e apela à adesão de todos aqueles que entendem ser necessária uma participação organizada e consequente, um Partido que, ainda mais nas circunstâncias actuais, acentua a importância da militância, das tarefas regulares, da assumpção de responsabilidades, do papel dos quadros, da preparação, da resistência à ofensiva e da afirmação política e ideológica do nosso Partido em função dos nossos ideais e do nosso projecto. Precisamos de um Partido mais forte com o reforço dos organismos dirigentes aos vários níveis na base do trabalho colectivo e da responsabilidade e individual, com mais mil quadros a assumirem responsabilidades regulares nos próximos anos, juntando-se aos mais de mil que as assumiram nos últimos dois anos desde a Conferência Nacional. Precisamos e vamos ter um Partido mais forte com a criação e dinamização de mais organismos, nomeadamente células de empresa e de sector, mas também organismos locais e em áreas diversas de intervenção, com a sua iniciativa e vida própria, ligados às realidades em que intervêm e impulsionados pela orientação geral. Contamos com JCP, a sua intervenção junto da juventude e os quadros jovens que gera para hoje e amanhã.
Lançamos do nosso Congresso um movimento geral de reforço do Partido, de reforço de direcção e estruturação, articulado com a responsabilização de quadros, o recrutamento, a preparação política e ideológica, a militância, os meios de propaganda, a imprensa, a independência financeira. Tomamos assim a iniciativa de pôr em marcha este movimento de reforço organizativo do Partido, ao mesmo tempo que dinamizamos a iniciativa política e a ligação às massas, aspectos absolutamente indissociáveis.
Lutamos em condições exigentes. Somos atingidos pelos golpes dos senhores que comandam o País, à margem e contra a Constituição da República, pelo silenciamento e a manipulação, temos também insuficiências que analisamos, aprendemos com a experiência, apontamos o caminho e prosseguimos. Nesta luta desigual temos a força inabalável das nossas convicções e projecto e da ligação aos trabalhadores e às massas populares, fonte inesgotável de fortalecimento.
Agimos para o alargamento da influência social, política, ideológica e eleitoral, para um Partido mais forte que é indispensável para Portugal, para todos os que cá vivem e trabalham. Mas queremos dizer com clareza: não estamos à espera de ter mais influência e mais organização para agirmos. Agimos com a força e influência que temos, agimos com o Partido que somos, com as suas imperfeições e com a força notável que constitui e é também isso que alargará a sua influência e tornará o Partido mais forte. Não vamos esperar por um Partido idealizado, nem ficaremos a olhar com nostalgia para este ou aquele momento da história. Somos comunistas hoje, assumimos o legado revolucionário de tantos que nos antecederam, de olhos postos no futuro reafirmamos o nosso compromisso com os trabalhadores e o povo, o nosso ideal e projecto de liberdade, democracia, soberania, progresso social, paz e socialismo. É este o nosso compromisso de honra para lutar e resistir. É este o caminho da vitória.
Viva o XXII Congresso!
Viva a JCP!
Viva o Partido Comunista Português!