Declaração da Comissão sobre as Consequências económicas e sociais das reestruturações no sector do automóvel na Europa
A ameaça que paira sobre os 4.000 trabalhadores da Volkswagen, na
Bélgica, demonstra que as multinacionais continuam a actuar com a maior
irresponsabilidade, apenas movidas pela obtenção de cada vez maiores
lucros, numa total indiferença com os problemas sociais e de
desenvolvimento regional que provocam, considerando os trabalhadores
meros números e peças de uma engrenagem que só interessam em função dos
lucros que podem gerar. Esta situação é parte integrante do processo de
comércio internacional, de liberalização e de desregulamentação do
mercado de trabalho apoiado e encorajado pela União Europeia.
É a mesma situação que está a afectar milhares de trabalhadores em
Portugal, com destaque para a OPEL/GM de Azambuja, da Johnson Controls,
da Lear e tantas outras.
É tempo de tomar medidas que, de uma vez por todas, ponham fim a esta
situação, que garantam uma actuação mais firme na defesa dos direitos
dos trabalhadores, assegurando também uma participação plena dos
comités europeus de empresa no processo de decisão, incluindo o direito
de suspender despedimentos e deslocalizações, e uma actuação eficaz no
controlo dos fundos comunitários que são atribuídos a tais
multinacionais, sujeitando-os ao cumprimento de todos os direitos dos
trabalhadores.