Pergunta ao Governo N.º 1681/XII/2

Redução do horário de funcionamento do Serviço de Atendimento Complementar de Almada, Distrito de Setúbal

Redução do horário de funcionamento do Serviço de Atendimento Complementar de Almada, Distrito de Setúbal

As políticas de saúde prosseguidas pelo Governo PSD/CDS-PP têm conduzido ao encerramento de diversos serviços públicos de saúde ou à redução do seu horário de funcionamento, sobretudo nos períodos noturnos durante a semana e nos fins de semana e feriados, tendo como consequência, o acréscimo de dificuldades em aceder aos cuidados de saúde.
Tomámos conhecimento que desde o dia 1 de Março o Serviço de Atendimento Complementar de Almada encerra às 17h aos fins de semana e feriados. Mas apesar de a informação indicar o encerramento às 17h, houve muitos utentes confrontados com as portas fechadas a partir das 16h.
Há apreensão por parte dos utentes e das comissões de utentes de saúde quanto ao funcionamento durante a semana, principalmente no período das 14h às 20h. Temem que possam também vir a reduzir o horário.
Claramente a oferta de serviços públicos de saúde de proximidade é desadequada das necessidades da população. Estas medidas só contribuem para o entupimento das urgências do Hospital Garcia de Orta, que se encontram já hoje bastante condicionadas. Mas estas medidas encerram em si mesmas uma grande contradição, ao mesmo tempo que o Governo defende publicamente a necessidade da eliminação das falsas urgências dos hospitais, toma medidas, como a redução ou encerramento de serviços nos centros de saúde, que na prática só contribuem para o aumento da afluência de pessoas às urgências hospitalares.
Esta medida tem ainda um outro impacto muito negativamente nos utentes, que se prende com o valor das taxas moderadoras. É que o utente atendido no Serviço de Atendimento Complementar paga 5 euros de taxa moderadora, enquanto nas urgências hospitalares a taxa moderadora é de 20 euros, isto é, mais 15 euros, o que para muitos utentes significa mais uma barreira para aceder à saúde.Desta forma o Governo inviabiliza e impede o direito à saúde a todos os portugueses como consagrado na Constituição da República Portuguesa, por um lado reduz o horário de serviços, permanecendo em funcionamento as urgências hospitalares, na maioria das vezes mais distantes das populações e por outro lado, porque aumenta brutalmente os custos a suportar pelos utentes. É o próprio Governo que empurra os utentes para as urgências hospitalares,
deixando-as como último recurso para o atendimento de utentes numa situação aguda, com custos mais elevados para os utentes e para o Estado.
As dificuldades são ainda acrescidas para os utentes que não tendo médico de família, a única resposta que têm ao nível dos cuidados de saúde primários são as consultas disponibilizadas pelo serviço de atendimento complementar. Se o seu horário é reduzido, a probabilidade de conseguir uma consulta é menor, aumentando o tempo de espera.
Os utentes e as comissões de utentes de saúde exigem a reposição do horário de funcionamento do Serviço de Atendimento Complementar de Almada, para evitar penalizar ainda mais as populações.
Ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que por intermédio do Ministério da Saúde nos sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1.Por que razão o Governo decidiu reduzir o horário de funcionamento do Serviço de Atendimento Complementar ao fim de semana e feriados?
2.O Governo não considera prejudicial para os utentes a redução do horário do serviço de Atendimento Complementar, do ponto de vista do direito à saúde, mas também do ponto de vista económico e social, com custos acrescidos para os utentes?
3.Tem noção que a redução do horário do serviço de atendimento complementar terá impactos diretos no aumento das urgências do Hospital Garcia de Orta, já sobrelotado? Como compatibiliza esta decisão com o objetivo de reduzir as falsas urgências hospitalares?
4.O Governo está disponível para repor o horário de funcionamento do Serviço de Atendimento Complementar, como reivindicam os utentes e as comissões de utentes de saúde?

  • Saúde
  • Assembleia da República