Depois do Entroncamento, a caravana da CDU, com Jerónimo de Sousa, seguiu para o Pinhal do Rei, na Marinha Grande. Dois anos depois dos grandes incêndios que varreram grande parte da Mata Nacional de Leiria, atingindo muitos outros concelhos da região Centro, muito ou quase tudo continua por fazer, tal como antes acontecia antes do fogo. As responsabilidades recaem sobre o Governo do PS, mas também dos anteriores. Para agravar a situação, as plantas invasoras, como os eucaliptos, agravam o risco de incêndio num futuro próximo.
A iniciativa – que começou em Samouco e passou pela Ponte Nova – contou com a participação, entre muitos outros candidatos e activistas, de Heloísa Apolónia. Presentes estiveram, também, Ângelo Alves e João Frazão, da Comissão Política do PCP.
A primeira candidata da CDU por aquele círculo eleitoral defendeu que a Mata de Leiria deveria ser Reserva da Biosfera, tendo em conta a «dimensão» daquele património que «urge preservar».
«O desinvestimento que foi feito ao longo dos anos gerou fragilidades neste património, que, depois, se traduziu numa mais frágil resposta em matéria dos incêndios florestais. Ter aqui uma Mata Nacional, com esta riqueza, e ver 86% da sua área ardida é, de facto, desolador. Foi uma tragédia imensa», lamentou, exigindo um «investimento concreto na reflorestação desta Mata Nacional, que tem inúmeras vantagens, quer para a dinamização do sector produtivo florestal, mas também para o combate às alterações climáticas». «A ligação da natureza ao ser humano e do ser humano à natureza é uma questão que a CDU defende com grande vigor», acentuou Heloísa Apolónia
Mais investimento
Para além de planos de reflorestação e ordenamento da floresta, com financiamento do Orçamento do Estado, a Coligação que junta comunistas e ecologistas defende, entre outras medidas, o reforço do investimento na Mata Nacional de Leiria como unidade produtiva pública de pinheiro bravo de alta qualidade e a instalação de uma estação/laboratório nacional para a mata atlântica.
A CDU quer ainda ver instituído um Museu da Floresta, que «dê a conhecer esta riqueza patrimonial, natural, a sua importância no desenvolvimento das sociedades e para a sustentabilidade do território» e «possa ser fruído pela população». «Propomos, igualmente, que haja espaços diferenciados, em toda a Mata de Leiria, neste magnífico pinhal, de lazer, desportivos, culturais, para a população», apontou Heloísa Apolónia, em Tremelgo, junto de uma casa dos guarda florestais abandonada, exemplo das muitas que ali existem e que o Estado agora quer concessionar.
Assinalando que a população daquelas regiões ainda tem o «coração a arder e a sangrar», Jerónimo de Sousa apontou como uma das primeiras causas para aquele desastre o corte de 150 milhões de euros de apoio à floresta, ainda no governo PSD-CDS, bem como a «insuficiência de meios». «Procurou-se mais explorar a madeira do que cuidar da Mata, o que é incompreensível», acrescentou.
No entanto, a Mata «é recuperável». «Consideramos importante que nos próximos orçamentos do Estado existam as verbas necessárias em termos de meios materiais e humanos», reclamou, sublinhando que esta «é uma aposta no futuro, na defesa e protecção do ambiente».