Comunicado do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP no PE

Por iniciativa dos deputados do PCP, Parlamento Europeu debate os impactos do aumento das taxas de juro decidido pelo BCE

Dando voz à luta pelo direito à habitação e à exigência de medidas imediatas que o assegurem, que levou dezenas de milhar de pessoas a saírem às ruas, em todo o País, no passado sábado, assim como a todos os que são atingidos nos seus direitos e condições de vida pela política do Banco Central Europeu (BCE), João Pimenta Lopes, deputado do PCP no Parlamento Europeu (PE) propôs hoje, no início da sessão plenária, o agendamento de um debate sobre as graves consequências dos aumentos das taxas de juro de referência, que terá lugar terça-feira, dia 3 de Outubro.

Recorde-se que por iniciativa dos deputados do PCP no PE, o Parlamento Europeu realizou já um debate no passado dia 10 de Maio, sobre o impacto do aumento das taxas de juro no dia- a-dia dos trabalhadores e das populações.

Num quadro de reconhecida degradação da situação económica e social, perante a revisão em baixa das projecções de crescimento económico já em 2023, que perspectivam a estagnação e a recessão económicas, o BCE persiste no aumento das taxas de juro, decidindo o seu 10.º aumento consecutivo no dia 14 de Setembro, e não afastando novos aumentos, apontando para a manutenção da alta de juros durante um longo período.

Este caminho, como diversas vezes os deputados do PCP no PE afirmaram, não ataca as causas de fundo da inflação, favorecendo a banca, o grande capital financeiro, e revela uma profunda insensibilidade face às dificuldades sentidas pelos trabalhadores, pelas famílias,
pelas pequenas e médias empresas e por países, como Portugal.

Tal como denunciámos anteriormente, o pagamento dos juros das prestações do crédito à habitação representa, em termos médios, mais de 50% dessa prestação, no caso de créditos com taxa variável, que é o caso de cerca de 1 milhão e 370 mil famílias, sendo que este valor
tenderá a agravar-se com os efeitos a prazo do aumento das taxas de juro.

O desespero de milhares de famílias e de pequenas e médias empresas acontece ao mesmo tempo que os bancos apresentam lucros obscenos e nos deparamos com um gigantesco processo – patrocinado pelo BCE – de transferência de riqueza dos trabalhadores e suas
famílias para o grande capital financeiro.

Ao mesmo tempo, o BCE e a Comissão Europeia pressionam para se acabar com os apoios às famílias e empresas e para se apertarem ainda mais as restrições orçamentais. Nem uma palavra sobre tributar os lucros colossais dos grupos económicos – da banca, da energia, ou da distribuição –, combater a especulação, aumentar salários, assegurar o direito à habitação.

Sublinhe-se que foi a luta pelo direito à habitação e a exigência de medidas imediatas para o assegurar, que levou dezenas de milhar de pessoas a saírem às ruas, em todo o País, no passado sábado.

Os deputados do PCP no PE consideram imperativo que a subida das taxas de juro seja revertida e que, no imediato, seja a banca, e não as famílias, a suportarem o a impacto dos aumentos já decididos.

A situação actual confirma ainda a necessidade e a justeza do objectivo de o País recuperar instrumentos de soberania monetária e económica, incluindo o controlo público da banca.

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