Faleceu no passado dia 27 de Maio, aos 91 anos, Miguel Urbano Rodrigues, reconhecido jornalista e escritor com percurso de intervenção política em Portugal e no estrangeiro, antes e depois do 25 de Abril, ao longo de muitas décadas.
Nascido em Moura em Agosto de 1925 numa família de tradição republicana, Miguel Urbano Rodrigues cedo abraçou a carreira de jornalista, primeiro no Diário de Notícias e depois no Diário Ilustrado.
Na sequência do seu despedimento, exila-se no Brasil, onde escreve para os jornais O Estado de S. Paulo e Portugal Democrático e para a revista brasileira Visão. É também no Brasil que consolida as suas convicções políticas e inicia a sua militância antifascista ativa que o levaria, em Janeiro de 1964, a aderir ao Partido Comunista Português.
Após o 25 de Abril de 1974, regressa a Portugal assumindo desde logo o cargo de chefe de redação do “Avante!”, no qual permanece até 1976, data da fundação de O Diário, do qual foi o primeiro diretor até 1985.
A sua intervenção e atividade prosseguiu pelas décadas seguintes, destacando-se pelos múltiplos e valiosos artigos que escreveu sobre a situação internacional e, particularmente – mas não só -, da América Latina, da qual era profundamente conhecedor em virtude do seu exílio no Brasil e da sua estadia em Cuba durante vários anos.
Miguel Urbano Rodrigues foi assistente de História Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1974/1975 e destacou-se como jornalista de investigação e reportagem, sendo igualmente autor de uma relevante obra literária.
Foi presidente da Assembleia Municipal de Moura entre 1986 e 1988 e deputado do PCP na Assembleia da República entre Agosto de 1987 e Outubro de 1995, deputado à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e da União da Europa Ocidental.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de Miguel Urbano Rodrigues e endereça aos seus familiares e ao PCP as suas condolências.