Nascido em 1935 em Sacavém, Eduardo Gageiro faleceu em Lisboa em 4 de junho passado, aos 90 anos de idade.
Eduardo Gageiro é um dos nomes mais importantes da fotografia portuguesa, especializado em fotojornalismo, e retratou, como talvez nenhum outro fotógrafo português, diferentes modos de vida e diferentes personalidades, deixando-nos um acervo impressionante sobre a vida da nossa sociedade.
A sua primeira fotografia foi publicada na capa do Diário de Notícias em 1947, quando tinha 12 anos de idade e começou a trabalhar como empregado de escritório na Fábrica da Loiça de Sacavém. Em 1957 tornou-se fotojornalista no Diário Ilustrado, passando depois pel’O Século Ilustrado, Eva, Almanaque, Match Magazine, Sábado, Grande Reportagem e Associated Press, entre muitas outras publicações e instituições.
Desde sempre ligado à luta pela democracia e pela liberdade, e contra a ditadura fascista, retratou as condições de enorme desumanidade em que vivia grande parte da população portuguesa, o que lhe valeu várias detenções pela PIDE.
Os registos que Eduardo Gageiro nos deixa do dia 25 de Abril de 1974 constituem documentos históricos de enorme valor e significado, como o encontro dos militares revoltosos no Terreiro do Paço, o assalto à sede da PIDE, ou o momento em que capta a comoção do Capitão Salgueiro Maia quando percebe que o movimento que comanda assumia definitivamente a vitória.
Estas fotografias correram o mundo e tornaram-se um símbolo de esperança, liberdade e resistência e continuam, ainda hoje, a manter viva a memória da inauguração do regime democrático e do fim de uma longa noite de 48 anos.
Eduardo Gageiro foi condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique em Portugal, e cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, na Bélgica. Foi distinguido com o segundo prémio individual do World Press Photo em 1975.
A Assembleia da República, reunida em plenário, manifesta o seu pesar pelo falecimento de Eduardo Gageiro e expressa sentidas condolências aos seus familiares, amigos e camaradas de profissão.