António Gervásio, operário agrícola, destacado lutador e resistente antifascista, Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, militante e dirigente comunista, faleceu no passado dia 10 de janeiro aos 92 anos de idade.
Nascido em São Mateus, Montemor-o-Novo, desde muito cedo participou e dirigiu várias lutas, nomeadamente greves nas ceifas, contra o desemprego, por melhores jornas.
Em 1945, com 18 anos, aderiu ao PCP, tendo passado à clandestinidade em 1952. Participou na direção da histórica e vitoriosa luta que levou à conquista do horário de trabalho das 8 horas pelo proletariado agrícola do Sul em 1962.
Foi preso três vezes, em 1947, 1960 e 1971. No conjunto, passou cinco anos e meio nas prisões fascistas do Aljube, de Caxias e de Peniche.
Foi brutalmente torturado nas prisões de 1960 e 1971, com espancamentos até à perda de sentidos e sujeição a tortura do sono, sendo impedido de dormir durante 18 noites e 18 dias seguidos, cerca de 400 horas. No julgamento de maio de 1961 foi espancado em pleno Tribunal da Boa Hora por denunciar as torturas da PIDE.
Participou na célebre fuga de Caxias no carro blindado de Salazar, em Dezembro de 1961, com mais sete militantes comunistas, retomando de imediato a atividade partidária na clandestinidade.
Em abril de 1974 estava preso no Forte de Peniche, tendo sido um dos presos políticos libertados na madrugada de 27 de Abril.
António Gervásio foi participante direto e incansável em todo o processo da Reforma Agrária nos campos do Sul, na liquidação do latifúndio, na constituição de Unidades Coletivas de Produção e na luta sem tréguas na sua defesa.
Destacado dirigente comunista, deixou valiosos testemunhos da sua rica experiência de vida e de luta contribuindo para a preservação da memória do que foi o fascismo e de como o PCP enfrentou a repressão e se constituiu como o partido da classe operária e de todos os trabalhadores e a força dirigente da oposição antifascista.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de António Gervásio e endereça aos seus familiares e ao PCP as suas condolências.