Intervenção de António Filipe na Assembleia de República, Reunião Plenária

Pela classificação da obra de Adriano Correia de Oliveira como de interesse nacional

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O Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira, criado em 1995 em Avintes, terra que Adriano tornou sua, promoveu a Petição 243/XV/2.ª que hoje debatemos, propondo a Classificação da Obra de Adriano Correia de Oliveira como de Interesse Nacional.

Refere o texto da petição que “Adriano cantou Abril como poucos e deixou um legado como ninguém. (…) A classificação da obra de Adriano seria um passo essencial para a valorização, consolidação e difusão do seu legado, elevando a obra ao patamar que ele merece, sendo também e sobretudo um passo essencial para o seu conhecimento por parte das novas gerações.”

Em nome do PCP, que teve a honra de ter contado com Adriano como um dos seus, saudamos esta iniciativa a decidimos dar-lhe acolhimento com a apresentação de um Projeto de Resolução para que visa a classificação da obra de Adriano Correia de Oliveira como de interesse nacional.

Adriano teve uma vida curta. Morreu em 1982 aos 40 anos. Porém, é considerado um dos cantores mais significativos da música de intervenção portuguesa e da canção de Coimbra.

A sua obra gravada contém 19 singles e 8 álbuns, tendo sido editados postumamente mais 2 álbuns. Divulgou um conjunto alargado de poetas portugueses e galegos: Manuel Alegre, Manuel da Fonseca, António Gedeão, Urbano Tavares Rodrigues, António Aleixo, Rosalia de Castro e Curros Henriquez, entre outros.

Em 1961 lançou o seu primeiro EP, Noite de Coimbra. Em 1962 lançou a Balada dos Estudantes. Fados de Coimbra foi lançado em 1963.  Trova do Vento que Passa, que incluía o conhecido poema de Manuel Alegre, foi lançado em 1963 e é acompanhado por António Portugal e Rui Pato.  O álbum Adriano Correia de Oliveira foi gravado em 1967. Em 1968, editou Lira e Menina dos Olhos Tristes, que continha a célebre Canção com Lágrimas.

Em 1969 foi editado o álbum Canto e as Armas, constituído novamente com um conjunto de poemas de Manuel Alegre e que recebeu o prémio Pozal Domingues. Em 1970 lançou Cantaremos. Em 1971, Gente d’aqui e de agora, com direção musical de José Calvário e composição de José Niza e o EP Cantar de Emigração. Em 1973 lançou Fados de Coimbra.

Em 1975 gravou o disco “Que nunca mais”, que inclui a canção “Tejo que levas as águas” e que ganhou o título de Artista do Ano da revista inglesa “Music Week”. Em 1980 lançou o seu último álbum, Cantigas Portuguesas.

Em 29 de março de 1974, Adriano participou no célebre I Festival da Canção Portuguesa no Coliseu dos Recreios, e em liberdade, organizou e participou em centenas de iniciativas, sendo um dos fundadores do Coletivo de Ação Cultural.

A título póstumo, a 24 de setembro de 1983, foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e a 24 de abril de 1994, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Dotado de uma voz inigualável, Adriano deixou um legado que faz com que, passados mais de 40 anos sobre o seu desaparecimento, continue a ser reconhecido como um dos nomes maiores da canção portuguesa da segunda metade do Século XX. Classificar a sua obra é um imperativo cultural de interesse nacional.   

 

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