No passado dia 4, os eleitores derrotaram o PSD/CDS, retirando-lhes a maioria absoluta por via da perda de mais de 700 mil votos, 12 pontos percentuais e 25 deputados, quatro dos quais no distrito do Porto.
Contrariamente ao que tentaram fazer crer na noite das eleições, a CDU cresceu e reforçou-se, com mais votos e mais mandatos.
Um crescimento e reforço da CDU que teve uma particular expressão neste distrito, com o reforço eleitoral em todos os 18 concelhos e a eleição do terceiro deputado, algo que não acontecia há cerca de 30 anos!
Um resultado indissociável da campanha realizada e do envolvimento dos candidatos, dos militantes e dos activistas do PCP, do PEV, da JCP e de muitos homens e mulheres sem filiação partidária que participaram connosco, fazendo da CDU o grande espaço de convergência de democratas e patriotas.
Foram muitos que ao longo de semanas estiveram na rua, nas empresas, nas feiras, nos transportes públicos e em cada um das localidades a dar a cara pelas soluções para uma vida melhor, que integraram e deram força este grande colectivo que luta pela alternativa patriótica e de esquerda.
É gente séria, com uma política de verdade, pautada pelo trabalho, honestidade e competência.
Passadas as eleições, cá estamos, para honrar a palavra dada, para cumprir com o que dissemos, para lutar por um futuro digno para os trabalhadores e o povo.
Cá estamos para lutar pela dinamização da produção nacional e pela criação de emprego com direitos.
Cá estamos para lutar contra as privatizações e para defender as funções sociais do estado e os serviços públicos.
Cá estamos a reclamar o investimento público necessário á coesão territorial e ao desenvolvimento económico.
Cá estamos, com os nossos 3 deputados (Jorge Machado, Diana Ferreira e Ana Virgínia), com este grande colectivo, para dizer que não faltará a solidariedade, o apoio e o empenho dos comunistas para com quem luta contra as injustiças, as desigualdades e a exploração.
É por sermos diferentes de todos os outros que, passadas as eleições, não fomos descansar.
Os nossos deputados, depois das eleições, já estiveram com os representantes dos trabalhadores da Unicer, para ver formas de intervenção face ao despedimento colectivo que a empresa pretende impor.
Enquanto outros esperam pela próxima campanha eleitoral, os nossos deputados já foram reunir com a Administração Regional de Saúde para dizer que é inaceitável que não haja concurso para a colocação de 28 médicos de família recentemente formados e que nos oporemos a qualquer ataque ao Serviço Nacional de Saúde, ficando desde já o compromisso de intervir para impedir que, no final deste ano, o Hospital de Santo Tirso seja entregue a privados.
Enquanto que dos outros, os que parecem todos iguais, ninguém sabe o que andam a fazer, os deputados comunistas continuarão no terreno a contactar com os trabalhadores, as populações e as instituições e, até ao final deste ano, irão visitar todos os concelhos do distrito.
É esta a nossa prática. É assim que os comunistas intervêm, entregando-se de forma abnegada à defesa dos trabalhadores, do povo e do país.
Mesmo perante tempos de incerteza, face às injustiças, à exploração e às desigualdades resultantes da acção de sucessivos governos da política de direita, a nova correlação de forças na Assembleia da República, deixa muitos democratas e patriotas com a esperança numa mudança de políticas.
Da nossa parte, não iludimos dificuldades. Lutamos para, de acordo com a vontade expressa nas eleições, interromper o rumo de desastre promovido pelo governo PSD/CDS e encontrar uma solução que vá de encontro aos anseios imediatos dos trabalhadores e do povo. Mas bem sabemos que não haverá verdadeira mudança de políticas sem uma ruptura com os eixos estruturantes da política de direita, o que implica a renegociação da dívida e a libertação dos constrangimentos externos.
Presentemente, é esse o caminho para uma política patriótica e de esquerda, de desenvolvimento económico e soberania nacional, de defesa dos salários e pensões, da produção nacional, do emprego com direitos, das funções sociais do estado e dos serviços públicos.
É nossa prática honrar a palavra dada, e como exemplo disso apresentaremos na Assembleia da República, logo que esta retome o seu funcionamento, uma proposta para a reversão do processo de privatização da Metro do Porto e da STCP, confrontando os outros partidos com o que disseram na campanha eleitoral e esperando que a nova correlação de forças possa anular este vergonhoso processo que culminou com um ajuste directo a poucos dias das eleições.
Esta é mais uma prova que os trabalhadores e o povo podem contar com o PCP para que este avance com políticas que correspondam ao projecto de sociedade consagrado na nossa Constituição.
Esta é também uma prova de que sejam quais forem as circunstâncias em que o Partido tenha que vir a intervir - agora ou no futuro - em qualquer situação, os trabalhadores e o povo podem contar com o facto de que estaremos sempre preparados para cumprir o nosso papel histórico.
O empenho e a dedicação militante dos comunistas – bem expresso na grande campanha de massas que fizemos nas últimas eleições legislativas – prolongar-se-á pela próxima batalha eleitoral.
Sabemos da importância dos valores de Abril no futuro de Portugal e reconhecemos a necessidade de na Presidência da República estar alguém comprometido com esses valores, alguém que honre o juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição.
É por isso que a Organização Regional do Porto do PCP fará da candidatura do Edgar Silva a nossa candidatura, a candidatura deste grande colectivo partidário, e será capaz de a alargar a muitos democratas e patriotas que não querem ver o país amarrado às dependências externas.
Esta é a candidatura dos que querem ter na presidência da república alguém que não está comprometido com a política de direita, que não defendeu nem executou os PEC`s ou o Pacto de Agressão. É a candidatura da defesa dos trabalhadores e da justiça social. É a candidatura dos que não estão comprometidos com as agressões militares que proliferam pelo mundo e querem que Portugal se empenhe na promoção de uma política de paz e cooperação entre os povos.
Estamos certos que o povo do Porto, com as suas tradições de resistência e as suas raízes forjadas no mundo do trabalho saberá acolher e apoiar esta candidatura, contribuindo dessa forma também para a defesa dos valores de Abril.
Há vários meses que as eleições e os possíveis cenários para o desfecho do quadro político-partidário marcam a agenda mediática.
Os grandes problemas com que os trabalhadores e o povo estão confrontados parecem ter desaparecido.
Mas os problemas persistem e agravam-se, como se provou com os despedimentos colectivos da Somague e da Unicer, decididos há várias semanas, mas anunciados apenas depois das eleições.
Continuamos a ter neste distrito cerca de 150 mil trabalhadores desempregados que não tem acesso a subsídio de desemprego.
Há trabalhadores desempregados a ser forçados a trabalhar para poderem continuar a receber o subsídio de desemprego, enquanto ocupam um posto de trabalho permanente, sem qualquer perspectiva de assegurarem emprego.
Há hospitais que vêem as urgências encerrar por falta de médicos e outros onde falha a água quente.
Continuam a faltar centenas de enfermeiros nos hospitais e centros de saúde do distrito, mas os nossos enfermeiros emigram porque não encontram emprego digno no seu país.
Há escolas e faculdades sem condições, mas com as obras eternamente adiadas.
Prometeram a contratação de 139 motoristas para a STCP, mas até agora apenas contrataram 20 e, com o início do ano escolar, temos crianças que esperam na paragem 1 hora pelo autocarro que deveria passar a cada 15 minutos.
Há presidentes de Câmara que continuam a impor as 40 horas de trabalho, mesmo depois da decisão do Tribunal Constitucional favorável aos trabalhadores que desenvolveram uma notável luta ao longo de mais de 2 anos.
Perante todas estas situações, a conclusão é evidente: é preciso resistir a esta ofensiva, recuperar direitos e abrir caminho à melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Há muitas e muitas razões para continuar a lutar. E o lugar dos comunistas é na linha da frente, assumindo o papel de vanguarda que lhes compete, reforçando o partido e a luta.
Perante a complexidade e as exigências do momento, o reforço da organização do Partido é a maior e melhor garantia de criar condições para respondermos às tarefas que temos pela frente.
É tempo de todos nós assumirmos o nosso papel no fortalecimento da organização, em particular nas empresas e locais de trabalho. Um trabalho que requer a análise das nossas insuficiências e medidas para as superar, a identificação de perspectivas de trabalho e a definição dos caminhos para as concretizar, com a responsabilização em concreto de camaradas pelo acompanhamento de células a criar ou dinamizar.
Onde ainda não está concluído, precisamos levar até ao acção de contactos com os membros do Partido para a elevação da militância e entrega de cartão. Discutindo e envolvendo mais camaradas nas tarefas regulares do Partido, com destaque para as tarefas na propaganda, a cobrança de quotas e a difusão da imprensa partidária.
São muitas as potencialidades, designadamente para o recrutamento, como o provam os mais de 150 camaradas que este ano aderiram ao PCP no Porto. Mas cabe-nos transformar esta adesão em participação militante, integrando em organismos e potenciando a capacidade de iniciativa de cada um.
Mas precisamos igualmente consolidar os avanços no trabalho financeiro, onde, mesmo com as dificuldades que o povo enfrenta e com as exigências que a campanha eleitoral colocou aos nossos quadros, conseguimos evoluir no trabalho de quotização e estamos em condições de garantir que, até final do ano, cumpriremos a nossa meta na Campanha de Fundos para a aquisição da Quinta do Cabo.
Sabemos que não nos espera a bonança. Não é um mar de facilidades que temos pela frente. Mas temos a experiência histórica, o saber, o projecto, a confiança e os instrumentos de análise e acção que este partido, marxista-leninista, com mais de 94 anos de história e luta nos dá.
Viva o PCP!