Aqui estamos para prestar a justa e devida homenagem à querida camarada Odete Santos, uma mulher de uma dimensão particular e de notável capacidade e profundidade de análise, solidariedade, dedicação e frontalidade, uma incansável e corajosa lutadora pelos interesses dos trabalhadores, do povo, do País, pelo ideal e projecto comunistas.
Neste momento queremos dirigir à sua família, ao seu filho Rui e ao Samuel, seu neto, assim como a todos os que pela Odete sentiram laços de afecto, a mais sentida solidariedade do Partido Comunista Português.
Nascida a 26 de Abril de 1941, na Guarda, Odete Santos era militante do PCP desde 1974.
Reconhecida advogada e antifascista, foi, como tantos outros democratas e antifascistas, perseguida pela ditadura fascista.
Após a Revolução de Abril integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal desta cidade de Setúbal, desta terra do Sado que se transformou rapidamente na sua terra, na sua casa.
Foi membro da Assembleia Municipal de Setúbal entre 1979 e 2009 e sua Presidente de Janeiro de 2002 a Novembro de 2009, tendo sido justamente homenageada pela Câmara Municipal de Setúbal com a Medalha de Honra da Cidade e mais tarde pela Assembleia Municipal de Setúbal.
Integrou a Comissão Concelhia de Setúbal, a Direcção da Organização Regional de Setúbal e foi membro do Comité Central do PCP entre 2000 e 2012.
Foi deputada do PCP na Assembleia da República, entre Novembro de 1980 e Abril de 2007, com destacado papel, gosto, vontade e dedicação em todas as frentes com destaque nas áreas dos Direitos, Liberdades e Garantias, na defesa dos trabalhadores e dos direitos emancipadores das mulheres. Foi a principal impulsionadora dos Julgados de Paz.
Foi membro do Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres e o rosto da luta contra o aborto clandestino e pela despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.
A este propósito numa entrevista ao Avante! afirmou “ainda que a lei pudesse ser melhor, a verdade é que se conseguiu, contra ventos e marés, vencer a barreira do obscurantismo”, sem deixar de assinalar ao mesmo tempo a sua tristeza pela então aprovação do Código do Trabalho.
Foi membro da Associação de Amizade Portugal-Cuba e uma amiga de sempre de Cuba e da sua Revolução.
Mulher da Cultura, foi a principal impulsionadora do Teatro de Animação de Setúbal.
Declamadora com intensidade e entrega nas suas interpretações foi autora da tragicomédia, «Em Maio há cerejas» e de a «A Bruxa Hipátia – o cérebro tem sexo?», obras sobre as quais muito haveria e há por dizer.
O Partido, a democracia e o País tiveram o privilégio de contar com esta mulher de Abril, e com a sua dedicação ao projecto de democracia política, económica, social e cultural que a Constituição da República Portuguesa consagra.
Uma vida ao serviço da luta em defesa dos trabalhadores e do povo, da igualdade, dos direitos e da emancipação da mulher, da paz, da solidariedade com os povos de todo o mundo.
Na sua última intervenção na Assembleia da República afirmou: - “as saudades do futuro nascem da necessidade de transformar o mundo e, na antevisão desse mundo futuro a partir das realidades que conhecemos, das utopias que serão as realidades de amanhã”, “seria bem pobre a intervenção humana se ela se limitasse à política institucional”.
A tua intervenção, o teu papel, a tua dedicação, deixam um legado e uma responsabilidade que os teus camaradas, os trabalhadores e o povo, vão prosseguir.
Os teus camaradas e amigos, os que não desistem, os que não se submetem, os que tal como tu, em nenhum momento abdicam da verdade, cá estão para marcar, com os valores de Abril, o futuro de Portugal.
Querida camarada e amiga, cá estamos para levar a tua e nossa luta por diante, sob todas as formas e em todas as circunstâncias.
Obrigado querida amiga.
Até sempre, camarada!