Permitam-me um agradecimento à direcção da Voz do Operário e aos seus trabalhadores pela disponibilidade para nos receberem e pelas condições existentes para a realização da nossa Assembleia. Saudar também a Voz do Operário pelos seus 140 anos festejados e assinalados ainda há dias.
Camaradas,
Aqui estamos nesta nossa X Assembleia da Organização Regional de Lisboa do PCP, prestando contas do nosso trabalho, fazendo o balanço, mas acima de tudo assumindo compromissos para o futuro.
Aqui estamos depois de uma alargada discussão em toda a organização regional, em que para lá do contributo colectivo, cada militante deu a sua contribuição individual, marca distintiva deste Partido.
Construímos opinião e reflexão em colectivo, discutimos e apontamos linhas de trabalho. Fizemos deste período de discussão mais um momento de afirmação das principais linhas de intervenção decididas no XXI Congresso e na Conferência Nacional do Partido em conjunto com as orientações, objectivos e medidas que aprovaremos hoje na nossa resolução política. Afirmamos que é preciso tomar a iniciativa, ligar mais o Partido às massas, à vida, à luta, reforçar o Partido e a sua intervenção quer no plano político quer no plano social.
Camaradas ao longo dos últimos 4 anos fomos confrontados com situações muito diversas, algumas novas, e que tivemos de aprender a enfrentar, como foi com a epidemia. Travámos importantes batalhas eleitorais. Dinamizamos a iniciativa política em torno dos múltiplos problemas com que as populações do distrito se viram confrontadas. Estivemos ao lado dos trabalhadores nos momentos em que se aprofundou o ataque aos seus direitos, em que aumentou a exploração e com eles construímos a luta pela valorização do trabalho e dos trabalhadores.
Quero destacar a capacidade revelada pela organização do Partido durante o período da epidemia, encontrando novas formas de funcionamento e cumprimento das múltiplas tarefas que nos estavam colocadas, nalguns casos reformulando organismos, responsabilizando outros e novos camaradas pelas tarefas que tínhamos para realizar, da recolha das quotas, à distribuição do Avante!, da propaganda à acção política de esclarecimento e combate ao medo e às inevitabilidades.
Se há ensinamento que podemos tirar desse período é que mesmo nas circunstâncias mais inesperadas, fomos capazes com a resistência e criatividade do colectivo partidário de avançar, cumprindo o nosso papel de vanguarda.
Foi assim que construímos e realizámos a Festa do Avante, adaptando cada um dos aspectos da sua preparação e funcionamento ao momento que vivíamos, exemplo maior de que era possível continuar a viver.
Foi assim que realizámos e recebemos no distrito o nosso XXI Congresso, esse notável momento da vida colectiva do nosso Partido onde demonstrámos uma vez mais a força e a justeza da nossa luta. Foi assim que participámos no 1º de Maio de 2020 quando muitos o que queriam era acantonar a luta dos trabalhadores para prosseguirem com o ataque aos salários e aos direitos.
Foi assim que comemorámos com toda aquela alegria, combatividade e força o Centenário do nosso Partido sob o lema “Liberdade, Democracia, Socialismo – o futuro tem Partido”, com muitas iniciativas das quais se destacam as 100 acções no dia 6 de março de 2021 por todo o País onde se inclui o comício no Rossio, bem como o comício em março de 2022 no Campo Pequeno.
Foi assim neste período, mas também no tempo que se lhe seguiu, que o Partido esteve sempre na frente da luta por uma vida melhor. Contigo todos os dias foi um lema que demonstrou bem essa realidade.
Neste período dos últimos 4 anos a Organização Regional deu um importante contributo para a iniciativa política do Partido, para a concretização dos seus objectivos políticos, orgânicos e financeiros. Assim foi no envolvimento das organizações concelhias e sectores profissionais nas múltiplas acções de informação, esclarecimento e de afirmação das nossas propostas e alternativa, envolvendo a organização do Partido, os seus eleitos locais, os deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
Assim foi na concretização do reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho em que formámos 22 novas células de empresa e responsabilizamos 36 novos camaradas pelas mesmas, no recrutamento e responsabilização de quadros, na realização de 60 assembleias da organização com a eleição de novos organismos, na recolha financeira para o Partido incluindo na campanha nacional “O futuro tem Partido”. Nas batalhas eleitorais que travámos com resultados nalguns casos aquém do projecto e programa que apresentámos e no prosseguimento do trabalho em defesa das nossas propostas desses mesmos programas e projectos.
Camaradas
A situação política, social e económica está profundamente marcada pelas opções políticas do Governo do PS, pela política de direita que este prossegue e pela convergência com PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega nesse caminho.
Estamos todos de acordo que a actual situação que vivemos, que os impactos negativos do aprofundamento da política de direita que se fazem sentir sobre os trabalhadores e o povo, trazem novas exigências ao Partido, e se assim é não resta outro caminho senão conhecer melhor a situação, intervir mais, dar resposta às novas exigências. É necessário fazer das injustiças força para lutar.
Sabemos que o ataque contra o Partido é de grande escala, que o Capital tudo faz para procurar condicionar a nossa intervenção. O que nos está colocado é a exigência de responder com os meios e instrumentos que temos e alargar essa capacidade prosseguindo o combate das ideias.
O que está colocado é tomar a iniciativa na resposta aos problemas dos trabalhadores, do povo e do país. Construir soluções para esses problemas e envolver cada vez mais gente na luta pela sua resolução. Intervir por forma a alargar a influência social do Partido seja no plano das organizações dos trabalhadores, seja nos reformados, mulheres, jovens, ou no movimento associativo em todas as suas expressões.
É dessa luta e alargamento da influência social do Partido, dessa intervenção cada vez mais próxima das massas e com as massas, que reforçamos o nosso colectivo.
É isso que temos vindo a fazer, é isso que precisamos que ganhe maior dimensão e expressão.
Quando nos últimos tempos nos envolvemos na dinamização da acção reivindicativa e luta dos trabalhadores, é porque é preciso responder aos salários, à redução e regulação do horário de trabalho, pôr fim à precariedade, garantir dos direitos dos pais e das crianças, e assim continuaremos a fazer nos próximos dias na construção e mobilização para a grande manifestação nacional convocada pela CGTP-IN no dia 18 de Março.
Quando nos envolvemos na dinamização da luta em defesa da reposição das freguesias, é para travar a luta em conjunto com as populações pelas suas aspirações. Quando enchemos praças e trazemos para a rua, seja de forma directa pela acção do Partido, ou na dinamização do movimento unitário das comissões de utentes a luta em defesa do SNS, é para responder a esse problema bastante sentido no distrito que é a falta de médicos de família.
Quando estamos na luta contra o aumento do custo de vida, estamos a dizer que é preciso travar a especulação e a escandalosa acumulação de cada vez mais lucros pelo capital, enquanto o povo vê as suas condições de vida degradarem-se dia após dia.
Quando preparamos a intervenção nos locais de trabalho e a “Acção Nacional mais força aos trabalhadores”, estamos a cumprir o papel do Partido e a potenciar o reforço das suas células.
Quando estamos a dinamizar a luta pela melhoria dos transportes ou a denunciar os problemas nas escolas, na habitação e bairros, estamos a levar a cabo a campanha “Viver melhor na nossa terra”.
Quando nos envolvemos nas acções de defesa e exigência da Paz, estamos a dizer que é a Paz e não a guerra que interessa aos trabalhadores e aos povos do mundo. A guerra só serve os interesses do imperialismo e por isso aí estão a instigá-la todos os dias. Ao mesmo tempo o capital aproveita-se da situação e das sanções para aumentar a especulação e a exploração.
Quando nos aproximamos da comemoração da Revolução de Abril, importa envolver todas as estruturas em que intervimos na defesa e cumprimento dos valores de Abril e da Constituição da República que os consagra.
Camaradas e amigos
Para tudo quanto temos que fazer, e ainda falta tanto, precisamos de um Partido capaz de intervir sejam quais forem as circunstâncias.
Durante estes 4 anos tivemos avanços diversos na estruturação da nossa organização e para isso contribuiu muito algumas linhas de trabalho definidas no plano nacional, que adaptámos à experiência e realidade distrital. São exemplo disso a realização dos encontros de camaradas de células de empresa e a reunião de quadros de comissões de freguesia, iniciativas muito importantes pela troca de experiências que ali foi concretizada.
A atenção que no plano de direcção demos ao reforço das organizações locais, foi e continua a ser fundamental para alargar a nossa capacidade de direcção.
O recrutamento de novos militantes e a sua integração, e a responsabilização de novos camaradas, são tarefas que temos que prosseguir e melhorar, queria destacar estes dois aspectos como elementos chave no futuro do nosso trabalho e no reforço das nossas organizações. Reforçar a nossa influência nas empresas e locais de trabalho, em particular junto da classe operária, e reforçar as estruturas representativas dos trabalhadores, são tarefas muito importantes para a direcção da luta em defesa dos interesses dos trabalhadores.
Camaradas
Muito trabalho temos tido e muito temos pela frente, sabemos que nem sempre conseguimos responder da melhor forma, e que temos muito para melhorar, mas camaradas, o balanço que devemos fazer é de uma grande resposta, de termos estado à altura das exigências que se colocaram e se colocam a esta organização, com a certeza que temos de prosseguir com confiança e determinação.
Temos muitas potencialidades por explorar, muita capacidade por aproveitar, depende de nós e da nossa vontade ir mais além.
Hoje aqui estamos a reunir as nossas experiências, a prestar contas da nossa actividade e a perspectivar o trabalho que começa já hoje e que continua nos próximos tempos.
Aqui estamos a afirmar a nossa disponibilidade para levar por diante a luta do nosso Partido, na defesa de uma política alternativa assente nos valores de Abril, uma política que tenha como principais objectivos, a valorização dos salários, das reformas e pensões, a valorização das carreiras e profissões e a defesa dos direitos de quem trabalha, a promoção e valorização da produção nacional e a recuperação para o controlo público dos sectores e empresas estratégicas, a defesa dos serviços públicos e das funções sociais do estado, uma política que efectivamente distribua a riqueza produzida entre quem trabalha, não permitindo a exploração, uma política que defenda a soberania nacional e rejeite a submissão aos interesses do grande capital e da UE, a política alternativa patriótica de esquerda. Sim é preciso mudar de política!
Aqui estamos a reafirmar com toda a convicção que o futuro do País passa pela construção da alternativa política que defendemos e propomos, por uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril, etapa actual da luta dos comunistas pelo socialismo.
Ao trabalho camaradas!
Viva a X AORL!
Viva JCP!
Viva o PCP!