Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
A IL traz a debate uma proposta em que justifica a eliminação da contribuição audiovisual para reduzir a fatura da eletricidade.
Ainda ontem foram tornados públicos os lucros da EDP. Em 2022 obteve 679 milhões de euros de lucros.
Se a IL tivesse mesmo vontade de reduzir a fatura da eletricidade, porque não intervêm sobre as margens de lucro das empresas energéticas? Há aí muito espaço para reduzir o preço da eletricidade para as famílias.
Para a IL o que nunca baixa são os lucros, lucros obtidos à custa de sacrifícios impostos à população.
Mesmo que não houvesse contribuição audiovisual, a fatura da eletricidade irá continuar a aumentar.
Veja-se o exemplo dos combustíveis. A redução do ISP não correspondeu a uma redução do preço dos combustíveis na mesma proporção. Aliás, houve semanas em que o ISP reduziu e o preço dos combustíveis aumentou. A redução do ISP foi absorvida pelas margens das petrolíferas.
Na altura, alertámos para isso.
Por isso, acabar com a contribuição audiovisual não significa reduzir a fatura da eletricidade, o que significa é que esse montante será transferido para as empresas energéticas.
Para aumentar os lucros da EDP, a IL está disponível para acabar com a RTP.
Por outro lado, fica claro, como a IL já o disse diversas vezes, a sua intenção de destruir a RTP, o serviço público de rádio e televisão.
A RTP não se resume à RTP1, é a RTP2, a RTP3, a RTP Memória, a RTP Açores, a RTP Madeira, a RTP Internacional, a Antena 1, Antena 2, a Antena 3, a RTP play, a Rádio Zig Zag, entre outros.
Para além do serviço público de rádio e televisão ser fundamental para a liberdade e a democracia, é também elemento essencial para a promoção da nossa cultura e da nossa língua, para a coesão territorial, para a ligação das comunidades portuguesas ao território, com conteúdos dirigidos a diversas áreas de interesse e a diversas camadas da população, em particular a produção de conteúdos dirigidos à infância.
No plano da educação, produz conteúdos na RTP ensina e todos recordamos na epidemia, foi a RTP que transmitiu aulas para o ensino básico e secundário.
Quer isto dizer que está tudo bem? Não, não está tudo bem. Mas a solução não passa nem pela privatização, nem pelo desmantelamento da RTP.
As opções de sucessivos Governo criaram inúmeros constrangimentos na RTP. Por exemplo, o fim das indemnizações compensatórias limita o desenvolvimento de projetos e produção de conteúdos diversificados.
A solução passa pelo financiamento público através do Orçamento do Estado, pelo reforço do investimento, de valorização dos seus trabalhadores, garantindo vínculos laborais estáveis, garantindo carreiras e remunerações dignas.
Esta não é uma questão de mercado.
A Constituição da República Portuguesa determina que “O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão”.
É, portanto, uma competência do Governo garantir as condições e os meios para assegurar o serviço público de rádio e televisão, a RTP.