Camaradas,
Dizíamos há cerca de 20 anos atrás prevendo já a hecatombe que se iria abater sobre a agricultura familiar portuguesa que ocupa o território em harmonia com a nossa realidade e historia.
Que sem agricultores não há agricultura e sem agricultura não há país.
A previsão confirma-se no pior cenário, desertificação, tragédia de incêndios muitos agricultores excluídos da produção e o país mais dependente, situação particularmente desastrosa no domínio dos cereais a ocupação cultural do território desfasada das necessidades alimentares.
Recordo aqui o famigerado programa de florestação de terras agrícolas subsidiado por Brxelas consentido a apoiado por sucessivos governos para esconder com árvores o abandono da produção que o país tanto necessita, árvores de utilidade discutível, ainda por cima agora atacadas com uma praga que veio da Califórnia e que as dizima. Estavamos aqui na fase da integração da agricultura na Organização Mundial de comércio-OMC.
Ante Câmara dos acordos de livre comercio para as multinacionais que a UE mais tarde viria a estabelecer com países terceiros. Foi um rude golpe na soberania alimentar dos países terceiros. Foi um rude golpe na soberania alimentar dos países.
O capitalismo desde então tornou-se rei e senhor dos destinos da agricultura no mundo compreender isto é fundamental para percebermos o que está em causa e para nos reapropriarmos do Direito a produzir como entendermos assim como o direito a produzir como entendermos assim como o direito à protecção do nosso espaço.
Isto é o conceito da soberania alimentar, entretanto e como não podia deixar de ser com os governos de cócoras perante as multinacionais, aconteceram profundas alterações no sector. Agricultura esvaziada da cultura passamos ao modelo de agroprodução capitalista intensivo a rebentar pelas costuras, métodos sofisticados, máquinas gigantes mão de obra escrava também ela mundializada.
Neste modelo tecnologia não rima com ecologia, tudo é monocultura para a competição do import-export a diversidade é considerada um estorvo à biodiversidade é deixada aos românticos mas por isso mesmo na ausência da biodiversidade e numa relação de causa a efeito estão a avançar pragas e doenças vírus e bactérias veja-se o fogo bacteriano que pode acabar com os pomares do oeste ou pelo menos levar à ruína os produtores. De qualquer ângulo que se analise o actual modelo imprimido pela lógica de lucro inerente ao capitalismo ele não é sustentável tem implicito a delapidação de recursos, aplicar à produção agrícola métodos industriais, terão sempre como limite as linhas vermelhas que a natureza impõe. Com outras políticas é possível reparar os danos causados por estes anos negros de neo-liberalismo exacerbado, aterra está no mesmo sítio à espera daquelas e daqueles que a trabalharão doutra maneira para o caixote do lixo da história irão a teoria das vantagens comparativas e a teoria que pretende que é mais barato importar do que produzir. É esta a pequena reflexão que aqui deixo enquanto agricultor neste tempo com movimento para o futuro.