Intervenção de Vasco Paiva, Membro da Organização Regional de Coimbra do PCP, XXII Congresso do PCP

Organização Regional de Coimbra do PCP

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Camaradas,

Sou delegado pela Organização do PCP da freguesia de Santo António dos Olivais – Coimbra. Freguesia com mais de 40 mil habitantes, uma das mais populosas do País e maior que a maioria dos concelhos do distrito.

Antes das últimas eleições autárquicas tínhamos um eleito na Assembleia de Freguesia.

Na última campanha centramos a nossa acção nos problemas locais e isto expressou-se em cartazes improvisados, MUPIs específicos, documentos, debates públicos na rua por exemplo sobre a recolha do lixo e outros. Recolhemos apoios de independentes e recolhemos fundos custeando toda a campanha.

Em 2021 subimos de 9 para 10% a votação e elegemos um segundo camarada para a Assembleia de Freguesia.

Colocamos como essencial reactivar a Comissão de Freguesia do PCP, que já não existia há vários anos, para a acção normal do Partido e enquadrar a actividade dos eleitos.

A Comissão de Freguesia reúne regularmente 1 vez por mês, tendo já realizado duas Assembleias de Organização, em 2022 e 2024.

Nas Assembleias de Freguesia, abordamos os problemas dos moradores. Fomos os primeiros a fazê-lo, depois os outros partidos também o começaram a fazer. Apresentamos moções, propostas, por vezes aprovadas, mas a Junta na maior parte dos casos não as executa. De qualquer forma já conseguimos algumas pequenas vitórias de resolução de problemas de trânsito, limpeza, arranjo de passeios, etc.

A Junta de Freguesia tem vindo a acumular saldos positivos, o último em Setembro era de 1 milhão e 120 mil euros. Cumpre e até excede as receitas, as despesas ficam pelos 50%. Já alertamos que a Junta não é uma empresa para dar lucro e também já alertamos que devem estar a “poupar” para gastar no último ano, com obras e inaugurações em ano de eleições…

Sempre consideramos que não bastava termos boas intervenções. Se os moradores não as conhecerem, não são eficazes. Naturalmente que não podemos contar com a comunicação social, nem com os meios da Junta.

Assim implementamos medidas para divulgar a nossa acção e também para ouvir os moradores.

Sistematicamente os nossos eleitos deslocam-se aos diversos locais da freguesia. Realizamos já cinco Tribunas Públicas, essencialmente na rua, em diversos locais, com a participação dos eleitos.

Promovemos três abaixo-assinados de moradores.

Usamos as redes sociais e sobretudo criamos um Boletim que tem sido publicado regularmente, pelo menos duas vezes por ano. Aí é informada a acção dos nossos eleitos e os diversos problemas da freguesia, os nossos protestos e também as nossas vitórias. Já publicamos 7. A tiragem é superior a 10 mil exemplares, é distribuído porta a porta, nas esplanadas, na Feira. Supomos que alcançamos pelo menos metade da população. Com frequência somos interpelados na rua e recebemos mails de quem lê o Boletim e quer chamar a nossa atenção para algum problema. Esgota-se rapidamente. Têm participado cerca de 30 camaradas nessas distribuições, alguns na sua rua ou bairro, outros com maior disponibilidade. O importante é o somatório das pequenas ou grandes disponibilidades.

Continuamos a fazer cartazes específicos e MUPIs também específicos. Em alguns casos fazemos e distribuímos comunicados sobre assuntos locais.

Claro que participamos nas acções gerais do Partido, por exemplo a recolha de assinaturas para o Aumento de Salários e Pensões, nomeadamente com uma acção à porta de uma grande Superfície que teve um excelente acolhimento. Recolhemos cerca de 200 assinaturas numa manhã de sábado.

Passe a imodéstia, mas a nossa experiência também foi um incentivo a que se criassem outras Comissões de Freguesia no concelho.

Na preparação do Congresso realizamos uma reunião da Comissão de Freguesia e uma Assembleia de Militantes para discussão das Teses e eleição dos 2 delegados.

Os camaradas que intervieram na discussão das Teses registaram o seu carácter denso e repetitivo, nomeadamente quanto à análise da situação do país, da política de direita, do capitalismo, da economia e da política. Tudo isso seria bastante abordar num capítulo só. Em contrapartida, matérias como a política de alianças para os próximos 4 anos, a convergência necessária de democratas e patriotas, a necessidade de um governo para concretizar a política alternativa, assentam em formulações essencialmente programáticas, nas quais não se identificam com perfeição os caminhos a seguir nos próximos quatro anos no quadro da correlação de forças actual.

Sublinhou-se a insuficiência de autocrítica e de análise das nossas dificuldades ou na superficialidade quando consignada. Foi referida por exemplo a clarificação dos posicionamentos a nível internacional e da guerra da Ucrânia. Mas também outras afirmações nas Teses por exemplo tipo “registam-se dificuldades” em movimentos de massas, sem explicar quais são e como as ultrapassar. Não somos meros fotógrafos, devemos identificar e analisar as situações para as ultrapassar…

A redução do número de militantes e de eleitos não pode ser encarada como uma fatalidade ou explicada somente pelo anticomunismo e a acção de alguma comunicação social. Pode-se dizer que na História do Partido nunca vivemos em “estado de graça” ou com facilidades. O desafio sempre é de alargar o Partido, recuperar, aumentar o número de eleitos, ultrapassar as dificuldades.

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