Nas tragédias, números são sempre dolorosos. A guerra acrescenta-lhes o adjectivo. Os números deixam de ser dores para passarem a obscenidades. Foram abatidos 18 marines; são «pesadas baixas». Morreram nos bombardeamentos 300 iraquianos - «danos colaterais». De resto, «sem confirmação de fonte independente». Até podem ter sido 299. Já se sabia: nesta «bolsa», o câmbio é francamente favorável aos EUA. A cotação está sensivelmente em um americano para 500 a 700 iraquianos. Baçorá está sem água potável e sujeita às previsíveis epidemias. O «supreendente» é que em Baçorá ainda se resiste aos bondosos autores dos bombardeamentos que destruíram o abastecimento. Afinal, houve um erro nas contas: são precisos mais 120 mil militares norte-americanos. Uma resistência «inesperada», levou a que o erro do cálculo de efectivos, preparado durante um ano, fosse de menos 50%! A empresa de construção civil do vice-presidente Dick Cheney (que edificou em três semanas a abjecta prisão de Guantánamo) acaba de ganhar um negócio na «reconstrução» do Iraque. Dick Cheney governante manda bombardear para demolir e Dick Cheney governante manda-se pagar para reconstruir. Parte de um bolo de 900 milhões de dólares. Acho o termo obsceno insuficiente.