A entrega por parte da ANA ao Governo de um designado Relatório Inicial sobre o Novo Aeroporto de Lisboa e as declarações que daí emanaram, confirmam, uma vez mais, a submissão do País aos interesses da multinacional francesa Vinci. 

A privatização da ANA e a concessão dos aeroportos nacionais à Vinci por um período de 50 anos tem-se revelado um negócio absolutamente ruinoso para o País e sobre o qual o Tribunal de Contas estimou em mais de 20 mil milhões de euros de lucros para a multinacional com um investimento de pouco mais de mil milhões de euros. Uma privatização na qual Portugal não só perdeu receitas aeroportuárias, como continua sem ter um novo aeroporto. 

Para lá de documentos e relatórios, o que foi posto em marcha é o prolongamento do tempo de vida do Aeroporto Humberto Delgado, visando alargar a sua capacidade – incluindo com a expansão para Figo Maduro – e prolongar a sua actividade no centro da cidade de Lisboa. 

Quanto às declarações que agora foram tornadas públicas – em que se referem prazos e montantes envolvidos mas sem quaisquer garantias – o que as mesmas transportam de essencial é a perspectiva de transferir ainda mais recursos públicos para a Vinci, seja por via de verbas do Orçamento do Estado ou de fundos comunitários (a pretexto do NAL), seja por via de um prolongamento por mais anos dos que inicialmente previstos da concessão dos aeroportos nacionais à Vinci, facultando-lhe ainda novos e maiores lucros.

Para o PCP, a situação reclama que se tomem medidas para resgatar a concessão dos aeroportos nacionais à Vinci, pondo fim a um negócio desastroso para o País e que apenas beneficia a multinacional e desenvolver todos os esforços para garantir, quer a construção faseada – num período não superior a 6 anos – do NAL no Campo de Tiro de Alcochete, articulado com a Terceira Travessia do Tejo em modo Rodoferroviário e com a ligação à Linha de Alta Velocidade, permitindo retirar o quanto antes o Aeroporto Humberto Delgado do interior da cidade de Lisboa.