Senhor Presidente,
Senhores deputados,
Em sucessivos debates sobre o mundo rural e o drama cíclico dos incêndios, o PCP tem deixado bem claras as suas posições.
Não alimentamos a banalização das comissões parlamentares de inquérito, que mais parecem um descargo de consciência e uma forma de passar ao lado do que se impõe.
O que se impõe é alterar a política para a floresta e o mundo rural; reverter o despovoamento e promover o regresso de tantas famílias expulsas de centenas de milhares de explorações em consequência da PAC e por causa dos baixíssimos rendimentos e do desmantelamento de serviços públicos.
- Impõe-se contrariar o desordenamento da floresta e do território.
- É determinante diminuir drasticamente o número de ignições e de reacendimentos.
- É decisiva a correção das fragilidades do sistema de Proteção Civil, em meios humanos, técnicos, materiais e logísticos.
- É fundamental garantir a reversão da parceria público-privada do SIRESP e a gestão pública deste sistema.
- Não podem continuar a ser desconsideradas importantes propostas e recomendações já aqui acolhidas e muitas de decisões tomadas.
De facto,
- O cadastro da propriedade fica-se num terço do território;
- Os apoios aos baldios estão bloqueados e as ajudas comunitárias são cortadas;
- A criação de 500 equipas de sapadores florestais continua longe do objetivo, que deve ser revisto para mais;
- Está por restabelecer o Corpo de Guardas Florestais;
- O número de técnicos e outros trabalhadores do ICNF (onde faltam 900 pessoas) é claramente insuficiente;
- As ações de fogo controlado são diminutas;
- Está muito atrasada a rede primária de gestão de combustível;
- O controlo e a erradicação de espécies invasoras são incipientes;
Falta garantir preços justos à produção, rendimentos e dignidade às famílias do mundo rural, das economias de montanha; faltam serviços de extensão rural, escolas, serviços de saúde, bancos, correios, transportes…
Falta cumprir a Lei de Bases da Floresta, os Planos de Regionais de Ordenamento da Floresta; valorizar e apostar nas espécies autóctones e travar a eucaliptação; apoiar o associativismo florestal; apoiar no terreno criadores de gado e pastores…
Falta reforçar os meios dos bombeiros e melhorar as suas condições, como o reconhecimento da profissão de bombeiro como de risco e desgaste rápido, como o PCP propôs, mas que foi rejeitado aqui na semana passada.
Falta apetrechar o Estado com os meios aéreos próprios e em elevados níveis de disponibilidade e prontidão.
Há estudos, há relatórios, as conclusões e recomendações são sólidas.
– Só falta mesmo fazer!
Disse.