Depois da desvalorização com que lidou com os incêndios florestais, o Governo continua a tentar limpar a sua imagem, anunciando medidas como se fossem novas e fazendo tábua rasa das recomendações e decisões anteriores.
Ordenamento florestal, diversificação da floresta, apoio ao associativismo florestal, regulação do mercado da produção lenhosa, gestão de combustível, ações de fogo controlado, existência de pelo menos 500 equipas de sapadores florestais, os Condomínios da Aldeia, as Áreas Integradas de Gestão da Paisagem e o Cadastro Rústico continuam a marcar passo.
Não têm faltado planos, relatórios e orientações para a prevenção e o combate aos incêndios. O que tem faltado é vontade política de disponibilização de meios financeiros e recursos humanos. As metas da Estratégia Nacional para as Florestas, aprovadas em 2006 e alteradas em 2015, ou as conclno fundamental, por concretizar.
O "Plano de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa", de 1998, definiu o objetivo da criação de 500 equipas de sapadores florestais. Nos últimos cinco anos, foram criadas apenas 15, e ainda faltam 85. O cadastro está por resolver há décadas. Mesmo com o registo simplificado, claramente insuficiente, estamos, apenas, com 36% da área cadastrada. No Plano Floresta 2050 estão presentes conceções que aprofundam a pura lógica de mercado, que tem sido devastadora para o interior e o mundo rural e também de assalto à pequena propriedade.
É um plano carregado de repetições de outros planos, sem metas temporais e quantitativas, sem informação sobre financiamento por ações e projetos, e sem indicação dos recursos humanos. Não será com os indicados 250 milhões de euros de média anual, anunciados pelo governo, que o país responderá aos graves, profundos e estruturais problemas da floresta portuguesa. Esses problemas exigem um forte investimento nas florestas, e não os cortes, como o concretizado em 2024 de 114 milhões no âmbito da reprogramação do PEPAC.
A resposta exige um grande reforço em recursos humanos e outros meios nos serviços florestais públicos e uma profunda reorganização do ICNF. Se o governo estivesse disponível para investir na floresta os recursos públicos que mobilizou para tapar os buracos da corrupção e da gestão danosa da banca privada evitaria muito da tragédia.
Sobre a Proposta de Resolução n.º 4/XVII/1.ª (GOV) «Aprova o plano de intervenção para a floresta «Floresta 2050, Futuro + Verde»»